A cantora Claudia Leitte é alvo de uma ação civil pública por parte do Ministério Público da Bahia e pode ser condenada ao pagamento de R$ 2 milhões por dano moral coletivo, sob a acusação de discriminação religiosa. Além da indenização, o MP-BA pede que a Justiça reconheça a prática de dano moral coletivo e determine medidas para coibir novas condutas consideradas discriminatórias.
A ação é resultado de um inquérito civil instaurado para apurar a alteração da letra da música “Caranguejo”. De acordo com o órgão, durante um show realizado em 2024, Claudia Leitte teria substituído o verso que faz referência à orixá Iemanjá por uma menção a Yeshua, nome em hebraico associado a Jesus Cristo, “descontextualizando a obra original e promovendo o apagamento simbólico de referências religiosas historicamente marginalizadas”. A mudança gerou a reação de lideranças religiosas de matriz africana e entidades de defesa da liberdade religiosa, que apontaram a alteração como um ato de intolerância e desrespeito ao patrimônio cultural afro-brasileiro.
Na ação, protocolada no dia 2 de dezembro, o Ministério defende que, embora a cantora tenha o direito de professar sua fé, a modificação reiterada de uma obra associada à cultura afro-baiana extrapola a liberdade artística e configura discriminação religiosa, sobretudo por se tratar de uma artista de grande visibilidade nacional.