Gravidez inesperada: entenda como remédios para emagrecer afetam a pílula anticoncepcional

Gravidez inesperada: entenda como remédios para emagrecer afetam a pílula anticoncepcional

Redação Alô Alô Bahia

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Publicado em 17/12/2025 às 09:02 / Leia em 3 minutos

O aumento de relatos de mulheres que engravidaram enquanto usavam medicamentos injetáveis para perda de peso, como Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), levou autoridades do Reino Unido a emitirem alertas sobre o uso dessas drogas por mulheres em idade reprodutiva. Os casos ficaram conhecidos como os “bebês do Ozempic”, referência ao remédio para diabetes que utiliza o mesmo princípio ativo do Wegovy.

Segundo a agência reguladora britânica, ao menos 40 relatos de gravidez inesperada foram associados ao uso dessas medicações. O principal ponto de atenção é a possível redução da eficácia dos anticoncepcionais administrados por via oral. No Brasil, a ex-BBB Laís Caldas revelou recentemente que engravidou após um medicamento do tipo cortar efeito do anticoncepcional.

As drogas para perda de peso atuam imitando o hormônio GLP-1, liberado naturalmente pelo intestino após as refeições, responsável por reduzir o apetite. A tirzepatida atua também sobre outro hormônio, o GIP, potencializando esse efeito. Além de agir no cérebro, esses medicamentos diminuem a velocidade do esvaziamento do estômago, o que pode interferir na absorção de outros remédios.

Embora ainda haja poucos estudos sobre a interação entre as drogas de GLP-1 e anticoncepcionais orais, pesquisas recentes indicam um impacto relevante. Um estudo de 2024 mostrou que a tirzepatida reduziu em 20% a quantidade de etinilestradiol, estrogênio sintético presente na pílula anticoncepcional combinada, na corrente sanguínea, além de atrasar em até quatro horas sua absorção completa. Essa redução pode comprometer a capacidade do anticoncepcional de bloquear a ovulação.

No caso da semaglutida, os efeitos sobre a absorção do anticoncepcional foram menos intensos, mas também associados ao retardo do esvaziamento gástrico. A razão para o impacto mais forte da tirzepatida ainda não é totalmente compreendida, mas estudos sugerem que seus efeitos no organismo são mais duradouros.

Outros fatores também podem contribuir para a gravidez não planejada, segundo Simon Cork, professor de Fisiologia da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido. Vômitos e diarreia, efeitos colaterais comuns dessas drogas, especialmente da tirzepatida, podem impedir a absorção adequada de medicamentos orais. Por isso, mulheres que utilizam pílula anticoncepcional são orientadas a adotar um método adicional se apresentarem esses sintomas.

Além disso, a própria perda de peso pode aumentar a fertilidade. A obesidade está associada à redução da fertilidade e a condições como a síndrome dos ovários policísticos. Com o emagrecimento, a chance de engravidar tende a aumentar, mesmo entre mulheres que usam anticoncepcionais.

Até o momento, métodos contraceptivos não orais, como DIUs, implantes, adesivos, preservativos e DIUs de cobre, não parecem ser afetados pelas drogas de GLP-1, já que não dependem da absorção pelo trato gastrointestinal.

A recomendação é que mulheres que usam anticoncepcional oral adotem um método não oral adicional, como preservativos, por pelo menos quatro semanas após iniciar o uso de semaglutida ou tirzepatida, período em que os efeitos colaterais costumam ser mais intensos. Em caso de gravidez durante o tratamento, a orientação é procurar um médico, já que não há evidências suficientes sobre a segurança dessas medicações na gestação.

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