O cinema viveu em 2025 um de seus anos mais vigorosos desde 2007, talvez o mais próximo, em impacto criativo, do histórico 1999. Essa é a avaliação do IndieWire, um dos sites mais respeitados da crítica cinematográfica internacional, ao divulgar a lista “Os 25 Melhores Filmes de 2025”, que reúne produções autorais, títulos de apelo popular e obras que ajudam a entender os rumos atuais da indústria.
Entre os destaques da lista está o brasileiro “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, que aparece no Top 10 dos melhores filmes do ano, ocupando a décima posição. O feito reforça a presença do cinema brasileiro no circuito internacional e consolida Mendonça Filho como um dos principais autores contemporâneos.
Reconhecido por sua cobertura aprofundada de festivais como Cannes, Veneza, Berlim e Sundance, o IndieWire é referência global na análise de cinema independente e de prestígio, influenciando debates críticos e premiações ao redor do mundo. Estar em seu ranking anual é, portanto, um selo relevante de reconhecimento artístico.
O que o IndieWire escreveu sobre “O Agente Secreto”
Ao comentar “O Agente Secreto”, o IndieWire relaciona o longa ao ensaio documental “Retratos Fantasmas” (2023), no qual Kleber Mendonça Filho reflete sobre memória, esquecimento e cinema. Na crítica, o site relembra a observação do diretor de que “filmes de ficção são os melhores documentários”, ideia que encontra plena realização neste novo trabalho.
Ambientado em 1977, o filme acompanha Marcelo (Wagner Moura), um homem procurado que retorna a Recife na tentativa de buscar o filho e deixar o país. A narrativa é descrita como “contida, mas expansiva”, mergulhada na música, nas cores e no estilo do chamado “Milagre Brasileiro”, período associado ao auge da ditadura militar.
Longe de ser um thriller de espionagem convencional, apesar do título sugestivo, o longa apenas tangencia os códigos do gênero. O protagonista, assim como o espectador, parece deslocado diante dessas convenções. O filme se estabelece, segundo o IndieWire, como um drama de exílio, atravessado por ecos de cinema B e pela presença de dois matadores inescrupulosos.
O site define “O Agente Secreto” sobretudo como uma história de “travessura”, termo usado pelo próprio diretor no cartaz inicial do filme. Mais do que o terror explícito de narrativas sobre a ditadura, o longa se aproxima de uma barbárie melancólica, permitindo que a ficção reconstrua um passado parcialmente apagado. Para o IndieWire, Mendonça Filho demonstra como o cinema pode criar uma história significativa por conta própria, capaz de atravessar a erosão da verdade e o silêncio oficial de um país que evita encarar o próprio reflexo.
Os 25 melhores filmes de 2025, segundo o IndieWire
- One Battle After Another (Paul Thomas Anderson)
- Marty Supreme (Josh Safdie)
- Sentimental Value (Joachim Trier)
- Sirât (Oliver Laxe)
- It Was Just an Accident (Jafar Panahi)
- If I Had Legs I’d Kick You (Mary Bronstein)
- Resurrection (Bi Gan)
- Eddington (Ari Aster)
- The Testament of Ann Lee (Mona Fastvold)
- O Agente Secreto (Kleber Mendonça Filho)
- Sorry, Baby (Eva Victor)
- 28 Years Later (Danny Boyle)
- Misericordia (Alain Guiraudie)
- Hamnet (Chloé Zhao)
- Urchin (Harris Dickinson)
- Sinners (Ryan Coogler)
- The Naked Gun (Akiva Schaffer)
- Predators (David Osit)
- April (Dea Kulumbegashvili)
- Pillion (Harry Lighton)
- The Perfect Neighbor (Geeta Gandbhir)
- Cloud (Kiyoshi Kurosawa)
- Caught by the Tides (Jia Zhangke)
- My Father’s Shadow (Akinola Davies Jr.)
- The Shrouds (David Cronenberg)