Morre Marcelo VIP, golpista interpretado por Wagner Moura no cinema

Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIP e apontado como um dos maiores golpistas do país, morreu nesta terça-feira, aos 49 anos, em Curitiba (PR). Ele viveu em Cuiabá e cumpriu parte de suas penas na Penitenciária Central do Estado (PCE).

A projeção de Marcelo VIP ganhou força em 2001, quando ele assumiu a identidade de Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, durante uma festa no Recife (PE). Na ocasião, concedeu entrevistas a programas de televisão posando como o empresário e acabou enganando figuras públicas como Amaury Jr., Ricardo Macchi, Marcos Frota e Carolina Dieckmann. O episódio repercutiu amplamente no Brasil e no exterior.

Sua trajetória de golpes, fugas e prisões inspirou o filme “VIPs – Histórias reais de um mentiroso”, estrelado por Wagner Moura e lançado em 2011. Durante as filmagens, Marcelo estava detido na PCE, onde permaneceu por quatro anos até obter progressão de regime em 2014. Sem vagas no semiaberto, passou a cumprir pena em casa com monitoramento eletrônico.

Em 2018, ele voltou a ser preso, acusado de forjar documentos para obter nova progressão. Ao longo da vida, acumulou condenações por crimes como associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Foi detido ao menos 12 vezes e protagonizou seis fugas do sistema prisional. Após deixar a prisão pela última vez, tentou reconstruir a própria imagem e passou a atuar como palestrante e escritor.

Lançado em 2010, o longa inspirado em sua história levou cerca de 600 mil pessoas aos cinemas e venceu quatro categorias no Festival do Rio: melhor filme, melhor ator (Wagner Moura), melhor ator coadjuvante (Jorge D’Elía) e melhor atriz coadjuvante (Gisele Fróes).

Natural de Maringá, Marcelo Nascimento da Rocha nasceu em 19 de março de 1976, filho de Josélia Nascimento e Aparecido Hildo da Rocha. Nas décadas de 1990 e 2000, atuou como piloto do narcotráfico e consolidou a imagem de um dos golpistas mais conhecidos do país. Além do episódio em que se passou pelo suposto dono da Gol, também fingiu ser guitarrista do Engenheiros do Hawaii e representante do Primeiro Comando da Capital (PCC) durante uma rebelião.

Após o divórcio dos pais, em 1984, passou a viver entre o Paraná e uma fazenda em Rondônia, para onde o pai havia se mudado. Em seu livro, relatou que decidiu se “aventurar” pelo mundo após a morte do pai, vítima de infarto. Sem recursos financeiros, passou a aplicar golpes para viabilizar as viagens.