A gastronomia da Itália alcançou um marco histórico nesta quarta-feira (10). Em uma decisão sem precedentes, a Unesco incluiu a cozinha do país europeu em sua lista de patrimônio cultural imaterial. O reconhecimento destaca-se por abranger a culinária nacional em sua totalidade, diferindo de honrarias anteriores que focavam apenas em pratos ou rituais específicos.
O veredito foi divulgado durante a 20ª sessão do Comitê Intergovernamental do órgão, realizada em Nova Delhi, na Índia. O anúncio encerra vitoriosamente uma campanha de três anos liderada pelo Ministério da Agricultura italiano e foi recebido em Roma como um triunfo da identidade nacional.
A primeira-ministra Giorgia Meloni celebrou a conquista, ressaltando que, para os italianos, a alimentação transcende o ato de comer. “Honra quem somos e nossa identidade. É cultura, tradição, trabalho, riqueza”, afirmou a premiê à AFP.
Ao justificar a inclusão, a Unesco descreveu a cozinha italiana como um mosaico de práticas sociais que reforçam o senso de pertencimento e a vida comunitária. A organização pontuou que o preparo dos alimentos no país é encarado como uma forma de “cuidar de si e dos outros”, servindo como veículo para expressar afeto e reencontrar raízes culturais.
O documento da Unesco salienta ainda que a gastronomia atua na salvaguarda de outras expressões locais, mantendo vivos vocabulários, gestos e histórias que são transmitidos entre gerações através da mesa.
Até então, a Itália possuía elementos isolados de sua culinária reconhecidos pela entidade, como a arte do pizzaiolo napolitano e o café espresso. A nova chancela amplia o escopo para todo o “modo italiano” de cultivar, preparar e servir. O feito também se distingue do reconhecimento dado à França em 2010, que homenageou especificamente a estrutura da refeição gastronômica (entrada, prato e sobremesa), e não a cozinha em si.
Com a novidade, a Itália soma agora mais um item à sua lista de patrimônios imateriais, que já conta com mais de 20 tradições protegidas, incluindo a caça de trufas, a prática do canto de ópera e a fabricação artesanal de violinos em Cremona.
