Pesquisadores franceses afirmam ter identificado uma nova causa para a morte de Luís XIV, o Rei Sol, que morreu em 1º de setembro de 1715, poucos dias antes de completar 77 anos. Embora registros oficiais apontassem para gangrena, a análise de seu coração mumificado indica que o monarca pode ter sucumbido a uma infecção fúngica rara.
Luís XIV governou a França entre 1643 e 1715 e tornou-se o rei mais longevo da história europeia, superando os 70 anos de reinado da rainha Elizabeth II. Sua morte foi amplamente atribuída à gangrena, descrita como a morte de tecidos provocada por falta de circulação sanguínea ou por infecções bacterianas graves.
Segundo reportagem do jornal francês “Le Parisien”, uma equipe liderada pelo patologista Philippe Charlier revisou o caso a partir da análise de fragmentos do coração preservado na Basílica de Saint-Denis, em Paris. O grupo recebeu autorização dos descendentes do rei, Jean d’Orléans e Luís Afonso de Bourbon, para realizar o estudo.
Os pesquisadores identificaram material fúngico nos vestígios de sangue encontrados ao redor do coração, e não sinais de bactérias associadas à gangrena. A descoberta os levou à hipótese de que o monarca sofria de cromoblastomicose, infecção cutânea crônica causada por fungos, conforme descrito pela Organização Mundial da Saúde. Segundo a investigação, o quadro pode ter evoluído para septicemia.
“Ao analisarmos os resíduos de sangue ainda presentes ao redor do coração, percebemos que não se tratava de bactérias, mas sim de fungos”, afirmou Charlier ao jornal “Times”, observando que a doença teria sido desconhecida no século XVIII. A publicação ressalta ainda que Luís XIV enfrentou grande sofrimento nas duas semanas que antecederam sua morte.
Relatos da época também registram o impacto da doença. O Duque de Saint-Simon descreveu que o rei enfrentou o agravamento do quadro “sem reclamar” e “observou com firmeza esse espetáculo de sua própria ruína”, segundo o “Times”.
Luís XIV foi um dos principais símbolos do absolutismo europeu. Seu reinado consolidou a centralização do poder na França, ampliou a influência cultural francesa e marcou a transformação do Palácio de Versalhes em centro político do país. Ele reforçou a autoridade real, reduziu a autonomia da nobreza e impôs a uniformidade religiosa sob a Igreja Católica, o que levou à quase eliminação da comunidade protestante no país.
Em 1660, o rei se casou com Maria Teresa, filha de Filipe IV da Espanha, conforme previsto pelo Tratado dos Pirenéus. Pelo acordo, ela renunciou às reivindicações espanholas para si e seus descendentes.
