Bolsonaro pode deixar regime fechado em dois anos com nova regra aprovada pela Câmara

Bolsonaro pode deixar regime fechado em dois anos com nova regra aprovada pela Câmara

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Wilton Junior/Estadão

Publicado em 10/12/2025 às 11:04 / Leia em 3 minutos

Em uma votação que avançou pela madrugada, a Câmara dos Deputados aprovou, por 291 votos a 148, o texto-base do projeto da Dosimetria, que altera o cálculo das penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão ocorreu por volta de 2h30 da manhã, após uma sessão marcada por tensão política e confrontos entre parlamentares.

A mudança tem impacto direto sobre dezenas de réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e principal nome afetado pela nova regra. Caso o texto avance sem alterações, a pena total do ex-mandatário pode cair de 27 anos e 3 meses para aproximadamente 20 anos, além de reduzir drasticamente o tempo em regime fechado: dos atuais 6 anos e 10 meses para algo próximo de 2 anos e 4 meses.

Antes mesmo da votação, o ambiente já era explosivo. O deputado Glauber Braga (PSOL) foi retirado à força do plenário pela polícia legislativa após ocupar a cadeira do presidente da sessão, Hugo Motta, em protesto contra o projeto. O episódio, que contou com expulsão da imprensa do plenário, gerou empurra-empurra e atrasou o andamento da sessão.

O projeto aprovado promove alterações profundas na forma como os crimes ligados ao 8 de janeiro são interpretados. A principal mudança é a fusão entre os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, que passam a ser considerados de maneira conjunta e não mais com penas somadas.

Outra alteração significativa está na progressão de regime, que deixa de exigir 1/4 da pena cumprida para permitir a saída do regime fechado e passa a demandar apenas 1/6. É essa mudança que, na prática, reduz o período de encarceramento de Bolsonaro e de outros condenados.

Nos bastidores, a aprovação é interpretada como uma manobra do Centrão para reposicionar o tabuleiro eleitoral. A avaliação de parlamentares é que a redução da pena de Bolsonaro pode alterar a dinâmica interna do grupo político do ex-presidente. Uma eventual diminuição da condenação poderia abrir espaço para um acordo: Flávio Bolsonaro deixaria a disputa presidencial, facilitando a consolidação de nomes como Tarcísio de Freitas ou Ratinho Jr., hoje vistos como opções mais palatáveis pelo bloco.

Após a aprovação na Câmara, a proposta segue para o Senado, onde deve ser analisada ainda este ano, conforme afirmou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre. A expectativa é de que a votação também aconteça em clima de forte articulação política, já que o projeto tem potencial de redefinir o cenário eleitoral de 2026.

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