Modelo de Feira de Santana estreia na Vogue e exalta raízes: ‘Minha identidade é meu dendê’

Modelo de Feira de Santana estreia na Vogue e exalta raízes: ‘Minha identidade é meu dendê’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Bonin/Vogue Brasil

Publicado em 09/12/2025 às 11:37 / Leia em 5 minutos

Quando Gabriela Alves folheou a edição de novembro da Vogue Brasil, ela encontrou muito mais do que fotos suas vestindo grifes globais como Fendi, Balmain e Stella McCartney. Ao ler seu nome impresso nas páginas da publicação mais importante do mercado de moda nacional, a modelo nascida em Feira de Santana viu a materialização de uma jornada que começou no interior da Bahia e até já cruzou o oceano para Barcelona.

A jovem, que já acumula em seu portfólio desfiles na São Paulo Fashion Week (SPFW) e campanhas para gigantes do varejo como Arezzo, Riachuelo, Hering e C&A, vive um momento de consagração. O editorial da Vogue, focado na história revolucionária da minissaia, serviu como uma chancela de prestígio para sua trajetória.

Foto: Bonin/Vogue Brasil

Logo na sequência, Gabriela, que integra o time da agência BOSSA, também figurou na terceira edição da ELLE Beauté, confirmando que seu rosto, e sua atitude, conquistaram os editores de moda do país.

Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, Gabriela falou sobre a sensação de “sonho realizado” e como a identidade baiana se tornou seu principal diferencial competitivo em um mercado cada vez mais voltado para a autenticidade.

Para Gabriela, ver-se ao lado de veteranas na revista foi um choque de realidade. “Foi uma coisa surreal para mim ver aquilo. Quando li a revista e vi outras modelos tão requisitadas, eu me senti igual a elas. Não que eu desconheça o tempo de carreira de muita gente, mas só de saber que é uma menina de Feira de Santana, que saiu de onde eu saí… Eu posso estar ali com pessoas que eu já admirei e que parecia impossível”, desabafa.

O editorial de novembro explorou a minissaia como símbolo de liberdade e revolução feminina. Para a modelo, encarnar essa “mulher poderosa” foi um processo natural. “A minissaia já foi muito presente na minha vida, então esse tema me deixou bem feliz. Encarnar essa mulher não foi difícil, porque me identifico com ela. Se parece com o que todos queremos ser: espírito livre”, analisa.

Foto: Bonin/Vogue Brasil

Foto: Bonin/Vogue Brasil

Em uma indústria que por décadas valorizou padrões eurocêntricos, Gabriela transformou sua origem em trunfo. Ela relata que, nos bastidores, sua estética frequentemente evoca a memória de grandes lendas da cultura nacional.

“Nos sets de filmagens, eu sempre ouvia que me parecia com Gal Costa, Maria Bethânia, ou com a ‘Gabriela Cravo e Canela’. Eu sempre adorei isso. De certa forma, isso me aproximava desse dendê, dessa raiz baiana”, conta.

Essa identidade é tão forte que transborda até quando ela está fora do país. Gabriela revela que faz questão de manter o sotaque, mesmo falando outros idiomas: “Quando estou falando inglês ou espanhol, meu sotaque baiano vem, e eu gosto disso. É autenticidade. Eu não quero entrar no padrão. Quero que, onde eu abra a boca, as pessoas falem: ‘você não é daqui’, para eu poder dizer, com muito orgulho, que sou da Bahia”.

Gabriela Alves em editorial da revista do Cidade Jardim Shopping, em São Paulo — Foto: Divulgação

Para a modelo, a Bahia não é apenas um local de nascimento, mas um estado de espírito que ela projeta em seu trabalho: “Vejo a Bahia de uma forma muito linda, mágica, sexy, amorosa e calorosa. É assim que tento ser”.

Transitar entre o comercial (Shein, C&A) e o luxo (Vogue, Giullier) exigiu adaptação. Gabriela admite que, no início, se sentia “travada”, mas que as aulas de expressão corporal e a observação atenta em sets de filmagem lhe deram a versatilidade necessária. “Agora acho que isso acaba sendo mais natural, gosto de trazer o meu jeito e mesclar com a referência que o cliente pede”, explica.

Mas, para além das passarelas e flashes, o que move Gabriela é a possibilidade de ser um espelho para outras meninas do interior. A modelo, que carrega consigo um conselho do irmão sobre “não deixar o medo paralisar”, quer que sua história sirva de combustível para quem sonha alto.

“Sempre quis receber reconhecimento de onde venho. Saber que pessoas do mesmo lugar que eu vão poder olhar isso e talvez se inspirar é um sentimento que não se explica. É sobre dar esperança”, diz ela, que finaliza com uma lição de humildade: “O mais importante de chegar onde queremos é nunca esquecer de onde viemos. Não tem sentido conquistar o mundo e se perder no caminho”.

Conheça mais sobre Gabriela Alves no Instagram (@gabrielasalvess)!

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