A primeira edição do Feira Preta Festival Salvador reuniu mais de 30 mil pessoas neste final de semana no Centro Histórico. Entre música, debates, desfiles, gastronomia, audiovisual, games e atividades infantis, o evento celebrou a potência da economia preta baiana e consolidou um novo marco para a cultura afro-diaspórica no país.
Para Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, realizar o festival em Salvador representa um momento simbólico e transformador: “Trazer o Festival Feira Preta para Salvador foi um sonho que se materializou com muita força. A Bahia é um dos centros mais potentes da diáspora negra no mundo, e ver esse território vivo, pulsando cultura, empreendedorismo, tecnologia e afeto, é a confirmação de que essa cidade sempre fez parte da nossa história e agora oficialmente. Esta edição mostra que quando a economia preta se encontra, ela movimenta pessoas, transforma realidades e cria futuros.”
No sábado, o show de Sued Nunes, indicada ao Grammy Latino 2025, emocionou o público e abriu o Palco Axé com força e poesia. “Cantar no Feira Preta tem um significado enorme pra mim. É um festival que sempre admirei, por valorizar nossas histórias e cuidar da gente em cada detalhe. Subir nesse palco, ao lado de Josyara, é celebrar a força da nossa música e das trajetórias negras que nos trouxeram até aqui. É um espaço que acolhe, potencializa e lembra por que fazemos arte”, afirmou a cantora.
A participação especial de Rachel Reis no show de Jau também marcou a noite de sábado. “É muito importante, me sinto feliz de fazer parte desse momento histórico. A gente sabe como é necessário fomentar a economia criativa, apoiar quem faz seu corre e precisa de suporte. Fico muito feliz de participar e de ter cantado com Jau. A energia da galera estava lá em cima”, destacou a artista.
No domingo, a programação musical reafirmou a força da cena preta baiana com apresentações de Pagode Por Elas, Yan Cloud, Vírus Carinhoso, Ministereo Público, além da presença vibrante do Samba Orisun e da sequência contagiante do Baile Essencial. O Kannalha transformou a Praça Maria Felipa em um grande baile afro-baiano, uma das últimas apresentações da noite de domingo.
“A gente combate o racismo quando já estamos aqui em um palco como do Feira Preta, cantando a nossa música, para todas essas pessoas. Quando temos a oportunidade de trazer o pagode baiano e vários outros ritmos que nasceram da cultura preta para o público dançar, se divertir, já estamos combatendo o racismo”, disse O Kannalha.
Empreendedorismo, moda e gastronomia movimentam a economia preta
Com mais de 130 marcas no Mercado da Preta e 16 empreendedores na área gastronômica Preta Degusta, o festival impulsionou diferentes setores da economia local. Os desfiles do Preta na Moda apresentaram coleções de estilistas baianos e marcas da Fancy Africa, fortalecendo o ecossistema da moda preta contemporânea.
Entre as expositoras que participaram do evento, está Carla Cristina, criadora do Atelier Carla Cristina, marca de acessórios autorais produzidos à mão em cerâmica plástica. “Estar na Feira Preta é a realização de um sonho. Para nós, pequenos empreendedores, ter uma rede que nos acolhe, orienta e impulsiona faz toda a diferença e aqui eu sinto exatamente isso”, explicou Carla.
Infâncias, games, audiovisual e criatividade ampliam experiências
A Feira Pretinha também reuniu atividades lúdicas voltadas ao público infantil. Já na Casa das Histórias de Salvador, uma curadoria de filmes e rodas de conversa evidenciou narrativas negras no audiovisual. O espaço de games, em parceria com a Salve Games, marcou presença com títulos como Zumbi dos Palmares e Murukutu: Floresta corpo-território, enquanto o mapping e apresentações de stand-up completaram a diversidade das experiências.