Polêmica do Enem 2025: estudante que antecipou questões diz que fez ‘publicidade infeliz’

Polêmica do Enem 2025: estudante que antecipou questões diz que fez ‘publicidade infeliz’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Angelo Miguel/MEC

Publicado em 24/11/2025 às 09:27 / Leia em 3 minutos

O Ministério da Educação anulou três questões do segundo dia do Enem 2025 e acionou a Polícia Federal depois que veio à tona que o estudante Edcley Teixeira, de Sobral (CE), antecipou conteúdos da prova em uma transmissão ao vivo.

A denúncia foi revelada pelo g1, que identificou similaridades entre perguntas apresentadas por ele e itens que apareceram no exame aplicado em 16 de novembro, que teve participação de quase cinco milhões de candidatos.

Em entrevista ao “Fantástico”, que foi ao ar neste domingo (23), Edcley afirmou que a coincidência entre os itens seria “pontual” e reconheceu ter pago alunos para memorizar perguntas de uma avaliação aplicada em 2024, o Prêmio Capes Talento Universitário, promovido pelo MEC.

Ele descreveu a prática como uma “publicidade infeliz” para divulgar seus cursos online preparatórios para o Enem. Durante a investigação, a PF apreendeu celular, computador e documentos na casa do estudante.

A apuração do g1, conduzida pela repórter Luiza Tenente, identificou cinco questões da live com forte semelhança às que caíram no exame oficial. Segundo a jornalista, os itens tinham “os mesmos números, a mesma situação-problema e alternativas praticamente idênticas”.

Para Edcley, no entanto, isso não indicaria irregularidade: ele disse acreditar que se tratavam de “coincidências”, negando ter conhecimento prévio do conteúdo que seria usado no Enem.

O estudante também admitiu que reconheceu nas questões anuladas padrões que havia visto no concurso do MEC em 2024, levantando a possibilidade de serem pré-testes do Inep.

Os pré-testes são provas aplicadas a alunos do terceiro ano do ensino médio para avaliar o desempenho e calibrar itens que podem integrar o Banco Nacional de Itens (BNI). O Inep confirmou que o prêmio funciona como laboratório de validação.

A investigação revelou ainda que Edcley solicitava a participantes dessa prova detalhes de até dez questões, prática que ele defendeu dizendo não haver “nenhum termo de compromisso, de sigilo ou edital” que a proibisse.

O episódio reacendeu críticas à estrutura do BNI. Maria Helena Castro, ex-presidente do Inep, afirmou que a falta de um banco mais amplo, com cerca de 100 mil itens calibrados, obriga o órgão a repetir o pré-teste anualmente, o que aumenta o risco de exposição de perguntas. O atual presidente do Inep, Manuel Palacios, negou fragilidades no sistema.

O ministro da Educação, Camilo Santana, assegurou que o Enem 2025 está mantido e que o episódio não compromete a validade do exame, que classificou como “patrimônio do Brasil”.

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