O Inep anulou, nesta terça-feira (18), três questões do Enem 2025 após confirmar que itens aplicados na prova eram semelhantes a conteúdos publicados na internet dias antes do exame. A Polícia Federal foi acionada para investigar se houve quebra de sigilo ou outra irregularidade na divulgação das perguntas. O instituto ainda não revelou quais questões serão descartadas.
A apuração ganhou força após o g1 mostrar que Edcley Teixeira, que se apresenta como estudante de medicina e vende serviços de consultoria, realizou uma live cinco dias antes da prova exibindo questões quase idênticas às aplicadas no segundo dia do Enem.
A reportagem localizou ao menos cinco itens extremamente parecidos, alguns com os mesmos números cobrados dos candidatos. Apostilas do curso oferecido por ele também continham uma sexta questão relacionada ao exame.
Segundo o Inep, as coincidências configuram “similaridades pontuais”, já que nenhuma pergunta teria sido reproduzida integralmente. Mesmo assim, o órgão decidiu anular três itens para preservar a lisura do processo.
Os rumores de vazamento começaram na noite de segunda-feira (17), após o segundo dia de aplicação. As suspeitas se concentraram no material divulgado por Edcley em 11 de novembro. Ele afirma que não teve acesso a nenhum conteúdo sigiloso e que apenas “previu” a prova com base em métodos próprios.
Edcley atribui as antecipações a um conjunto de estratégias, entre elas a memorização de perguntas do Prêmio CAPES Talento Universitário, exame voltado a alunos do primeiro ano da graduação.
Ele sustenta que parte dessas questões serviria como pré-teste do Enem, embora o Inep não reconheça qualquer vínculo entre os dois processos. Ex-colegas e ex-alunos relatam que ele orientava candidatos a participar do prêmio e decorar itens do teste.
O consultor também já citou inspiração no livro “O Roubo do Enem”, da jornalista Renata Cafardo, embora a autora afirme não mencionar o CAPES como origem de futuras questões.
Em outros vídeos, Edcley passou a atribuir suas previsões a “algoritmos” próprios, análises da TRI acumuladas ao longo de dez anos e ao estudo de chamadas públicas que listam autores e revisores do exame.
“Óbvio que vou acertar o Enem inteiro. Eu descobri o padrão”, afirma em uma das gravações, alegando acompanhar pesquisadores que integram equipes do Enem desde 2009.