Beijo Explosivo é o novo dorama da Netflix que chega misturando comédia romântica, clima de conto de fadas moderno e aquele caos típico de romances de escritório. A história acompanha Go Da-rim, uma mulher solteira que inventa marido e filho para conseguir um emprego em uma empresa de produtos infantis – e acaba trombando de novo com um antigo quase-romance, agora transformado em chefe perfeccionista.
Com estreia simultânea na TV coreana e na Netflix e episódios lançados ao longo de novembro e dezembro, Beijo Explosivo rapidamente subiu para o topo do ranking da plataforma. É o tipo de k-drama pensado para fisgar quem gosta de química imediata entre protagonistas, humor leve e conflitos emocionais que não pesam demais, mas ainda assim falam de trabalho, pressão familiar e expectativas sobre casamento e maternidade.
Um romance que nasce de uma mentira bem “ajeitadinha”
A base de Beijo Explosivo é um truque simples e eficaz: a famosa “mentirinha” que cresce mais do que o previsto. Ao se apresentar como mãe casada para conquistar a vaga dos sonhos, Da-rim se enrola em uma rede de pequenas encenações que precisam ser sustentadas no dia a dia do escritório. O roteiro usa essa premissa para criar situações de humor físico, mal-entendidos saborosos e diálogos afiados, sempre orbitando a pergunta: até onde vale ir para caber no que o mercado e a sociedade esperam de você?
O “beijo explosivo” do título funciona como gatilho dramático, não como simples fanservice. Ele muda a dinâmica entre Da-rim e Gong Ji-hyeok, o líder de equipe metódico que tenta manter distância, mas é arrastado para o olho do furacão emocional. A série brinca com o trope do chefe frio e da funcionária improvável, mas dá um pouco mais de humanidade aos dois, principalmente quando coloca em jogo o passado compartilhado e as pressões do mundo corporativo e familiar.
Elenco carismático e química que segura a tela
Ahn Eun-jin dá a Da-rim um equilíbrio interessante entre atrapalhada e competente. Ela não é apenas a protagonista desastrada: há vulnerabilidade real quando a personagem se vê encurralada pela própria mentira e pelas cobranças em torno de casamento e maternidade. Jang Ki-yong, como Ji-hyeok, trabalha no registro oposto: contido, sério, quase intransponível à primeira vista. O contraste entre os dois é justamente o que faz a relação funcionar.
O elenco de apoio reforça a atmosfera de comédia romântica clássica de K-drama. Colegas de trabalho, família e o “amigo envolvido na farsa” completam o tabuleiro, criando um quase-triângulo amoroso e situações em que Da-rim precisa equilibrar vida pessoal, mentira profissional e sentimentos antigos que voltam à tona. Ninguém aqui está tentando reinventar o gênero, mas o carisma do time faz com que as repetições de fórmula soem confortáveis, não cansativas.
Humor de escritório, crítica social suave e ritmo de dorama
Dirigida por Kim Jae-hyun, com roteiro de Ha Yoon-ah e Tae Kyung-min, Beijo Explosivo aposta num tom de feel-good drama, sem abrir mão de cutucar comportamentos muito reconhecíveis. A mentira de Da-rim conversa com um universo em que ser mulher solteira e sem filhos ainda é visto como problema em algumas empresas, e a série faz graça justamente do absurdo dessas exigências. Não é um drama social pesado, mas há um comentário claro sobre a pressão para performar uma “vida perfeita” no currículo e nas redes.
O formato de cerca de 14 episódios, liberados em duplas semanais, favorece ganchos bem marcados: quase todo capítulo termina com uma revelação emocional, um novo caos no escritório ou uma reviravolta na farsa de Da-rim. A experiência de assistir acompanha o ritmo típico de dorama em exibição: em vez de maratonar tudo de uma vez, o público se acostuma a voltar para ver como aquela mentira vai se sustentar mais uma semana – um modelo que ajuda a série a dominar o topo do “Em alta” por mais tempo.
Visual aconchegante e vibes de conto de fadas corporativo
No visual, Beijo Explosivo abraça uma estética colorida e confortável: escritórios fofos, cenário de empresa de produtos infantis, figurinos que passam por pijamas, roupas casuais e looks de trabalho bem pensados. Tudo é construído para reforçar a ideia de que estamos num universo levemente idealizado, onde um beijo inesperado pode virar divisor de águas na vida profissional e afetiva.
A fotografia aposta em luz suave, muitos closes durante as cenas de tensão romântica e composições que destacam a aproximação física dos protagonistas, sem exagerar. A trilha sonora segue a cartilha do k-drama romântico moderno: baladas pop, temas leves e refrões que grudem na cabeça, sublinhando as passagens mais doces e os momentos de embaraço. O resultado é uma série visualmente aconchegante, perfeita para quem quer desligar do noticiário pesado por uma hora.
Para quem é este k-drama da Netflix?
Beijo Explosivo conversa diretamente com quem já se apaixonou por romances de escritório como Business Proposal ou por histórias de identidade falsa com pegada de conto de fadas contemporâneo. O foco é o desenvolvimento da relação central, as pequenas humilhações do dia a dia e o constrangimento delicioso de ver duas pessoas tentando negar o óbvio, enquanto o mundo em volta começa a desconfiar de tudo.
Ao mesmo tempo, a série pode funcionar como porta de entrada para quem está chegando agora no universo dos doramas: a premissa é fácil de entender, o humor é acessível e a narrativa não exige tanto conhecimento de códigos e costumes coreanos, porque tudo está filtrado por situações bastante universais – trabalho, família, cobrança por estabilidade e o medo de ser julgado por não cumprir “os prazos da vida adulta”.
Beijo Explosivo vira destaque na Netflix por entregar exatamente o que promete: uma comédia romântica leve, com personagens carismáticos, química sólida entre o casal principal e um uso inteligente da velha história da mentira que foge do controle. Quem procura um k-drama para acompanhar ao longo das semanas, se apegar aos protagonistas e torcer para que a verdade não destrua tudo (ou, quem sabe, construa algo melhor), encontra aqui um dos romances mais convidativos da temporada.