Fenômeno do pagodão baiano e autor do hit “O baiano tem o molho”, que viralizou e vem embalando inclusive Wagner Moura nos eventos de divulgação de “O Agente Secreto”, O Kannalha já projeta o próximo Verão com força total. Depois da repercussão arrebatadora de sua apresentação no Afropunk, no Rio de Janeiro, em outubro, o artista volta a colocar o Verão baiano em evidência e também passa a alimentar um movimento crescente: o de levá-lo ao Carnaval carioca.
O cantor, de 28 anos, anuncia agora o projeto “O Molho – Ensaio do Maridão”, que acontece nos dias 15 e 29 de janeiro, na Praça das Artes, no Pelourinho, como prévia da estação. Antes disso, ele será a atração principal que marca o retorno da Festa Axé, na próxima sexta-feira (14), no Rio, e promete disco novo. A participação de Kannalha no evento se tornou, inclusive, uma consequência direta de sua explosão recente, depois do show histórico no Afropunk, com direito à presença da avó no palco, cena que correu a internet e encantou o público.
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“Acredito que ele vai ser o artista mais bombado desse Verão e do Carnaval. E ainda é a nossa trilha sonora da campanha ao Oscar. Pra gente, é uma honra trazer ele nesse momento radiante da sua história. Torço para que seu desejo de fazer um trio no Rio se realize”, diz Pedro Henrique França, jornalista e um dos fundadores da Festa Axé, à repórter Maria Fortuna, do jornal O Globo.
A possibilidade de O Kannalha puxar um trio no Carnaval do Rio também passou a ganhar força após o festival que celebra a negritude em suas múltiplas expressões. A repercussão foi tamanha que artistas, produtores e influenciadores cariocas começaram a defender abertamente sua presença na folia do próximo ano.
O baiano tem o molho
O estouro do hit “O baiano tem o molho” ganhou ainda mais fôlego quando Wagner Moura decidiu assumir a música como trilha afetiva da divulgação do longa “O Agente Secreto”. Na pré-estreia do filme em Salvador, o ator subiu ao palco para dançar a famosa “batedeira” ao lado de Kannalha, cena que rapidamente virou meme e viralizou. “A batedeira dele é mais tranquila, sofisticada”, brinca o cantor sobre o conterrâneo. “Há vários tipos de molho do baiano, que não nasce, estreia, né?”, destaca.
Danrlei e Wagner se encontram em pré-estreia em Salvador | Foto: Divulgação/Vitrine Produções
Quem é O Kannalha
No palco, O Kannalha aparece livre, sensual e provocador, explorando voz, corpo e ritmo no pagodão de duplo sentido que o consagrou. Fora dos holofotes, ele é Danrlei Orrico: um jovem tímido, criado em Camaçari pela mãe Rosalina, pela tia e mãe de santo Renilda, e pela avó Jandira.
Antes da fama, Danrlei trabalhava entregando marmitas de bicicleta com a mãe e já fazia música desde os 13 anos, quando batucava nas rodas de samba do quintal. O nome artístico surgiu entre amigos, quando cada um encarnava personagens mais ousados na brincadeira das vans que os levavam para shows.
A carreira começou a virar em 2023, com o sucesso de “Penetra”, remixado por Pedro Sampaio no álbum “Noitada”, de Pabllo Vittar. Daí vieram o Festival de Verão, o Rock in Rio, o Carnaval de Salvador, o Afropunk no Rio e agora os ensaios no Pelourinho.
Sem se afastar de sua essência, ele segue ajustando a linguagem sem perder o estilo. “Sou um jovem negro periférico cantando pagodão e com o nome artístico de Kannalha. Tudo isso já é uma barreira em si que motiva preconceitos. A Bahia sempre teve música de duplo sentido. O que faço é a evolução disso”, defende.
