As narrativas afro-diaspóricas ganham destaque em Salvador com a chegada da exposição internacional “Memória: relatos de uma outra História”, em cartaz no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) até 1º de março de 2026. A mostra integra a programação da Temporada França-Brasil 2025, que celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Após passar por Bordeaux (França), Abidjã (Costa do Marfim), Iaundé (Camarões) e Antananarivo (Madagascar), a exposição chega à capital baiana reunindo obras de artistas negras do Brasil, África, Europa e Américas. A curadoria é assinada por Nadine Hounkpatin (Benin/França) e Jamile Coelho (Brasil).
Com obras que transitam entre pintura, escultura, têxteis, vídeo e performance, o projeto propõe uma reflexão sobre memória, ancestralidade, identidade e resistência. Inspirada na deusa Yemanjá e no poema “Still I Rise”, de Maya Angelou, a mostra convida o público a mergulhar em uma travessia simbólica que conecta a Bahia à diáspora africana.
“A memória é um canto que atravessa o tempo e chega ao agora. Esse ressoar foi capaz de cruzar o Atlântico e se afirmar na diáspora afro-francesa e afro-brasileira”, explica Jamile Coelho, co-curadora da exposição.
Entre as artistas participantes estão nomes como Selly Raby Kane (Senegal), Josèfa Ntjam (França/Camarões), Gosette Lubondo (República do Congo), Myriam Mihindou (França/Gabão), Fabiana Ex-Souza (Brasil/França), Luana Vitra, Luma Nascimento e YêdaMaria, entre outras.
Para Nadine Hounkpatin, a mostra é também um manifesto de união e criação coletiva. “Acredito no pan-africanismo cultural — em mulheres negras tecendo redes de solidariedade e colaboração entre continentes”, afirma.
Dividida em três núcleos — “Do íntimo ao universal”, “A memória como ferramenta política” e “Confabulações e outras imaginações” —, a exposição atravessa diferentes tempos e linguagens, culminando em expressões afrofuturistas e visões de novos futuros possíveis.
De acordo com Cíntia Maria, diretora do MUNCAB, a realização marca um novo momento para o museu e para a arte negra no país. “Estamos trilhando o caminho para consolidar Salvador como um polo da arte negra contemporânea, conectando África, França e Brasil em um mesmo território simbólico”, destaca.
Paralelamente à mostra “Memória”, o MUNCAB também sedia a exposição “Ancestral: Afro-Américas”, com curadoria de Ana Beatriz Almeida e direção artística de Marcello Dantas, reunindo 160 obras de artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos.
A realização é do Ministério da Cultura, Petrobras e Embaixada da França no Brasil, em parceria com o MUNCAB e gestão da Amafro.
Serviço
Exposição: “Memória: relatos de uma outra História”
Quando: 4 de novembro de 2025 a 1º de março de 2026
Onde: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) – Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico, Salvador
Entrada: Gratuita