A manhã desta quarta-feira (29) começou com clima de tensão em diferentes regiões do Rio de Janeiro, um dia após a operação policial realizada em comunidades da Zona Norte. A ação, que mobilizou forças estaduais de segurança, teve confronto entre agentes e grupos armados.
De acordo com o balanço mais recente divulgado pelas autoridades, ao menos 64 criminosos e 4 policiais morreram durante a operação de ontem. Parte dos afetados teria ligação com facções criminosas, segundo a Polícia Militar, mas familiares e moradores contestam algumas das circunstâncias das mortes. O Ministério Público do Rio informou que acompanha o caso e vai avaliar eventuais indícios de excesso
Moradores relatam ao menos 55 novos corpos
Moradores do Complexo da Penha levaram pelo menos 55 corpos até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29), um dia após a operação policial considerada a mais letal da história do estado. Segundo relatos de moradores, os corpos foram recolhidos de vielas, casas e becos da comunidade depois do fim da ação.
A Polícia Militar, contudo, informou que esses óbitos ainda não fazem parte do balanço oficial da operação e que haverá perícia para verificar se há relação entre essas mortes e o confronto. O secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou pela manhã que os números ainda estão sendo analisados. Caso sejam confirmadas como decorrentes da operação, o número total de mortes pode ultrapassar 100.
A operação, realizada por forças estaduais e federais, tinha como objetivo prender lideranças do Comando Vermelho (CV). A ação provocou confrontos intensos, relatos de moradores presos dentro de casa e interrupções em serviços públicos na região.
Organizações de direitos humanos e defensores públicos criticaram o alto número de mortes e pediram investigação independente. Já o governo estadual e o Ministério da Justiça sustentam que a operação ocorreu dentro da legalidade e foi necessária para a “contenção de facções armadas”.
Reação do governo federal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o episódio durante agenda oficial em Brasília. Lula afirmou que o combate ao crime organizado é prioridade, mas defendeu que operações devem ser realizadas com respeito aos direitos humanos e com rigor na apuração de eventuais abusos. “O Estado brasileiro tem o dever de enfrentar o crime, mas isso precisa ser feito dentro da lei, com responsabilidade e transparência”, disse.
O Ministério da Justiça informou que acompanha a situação e que, até o momento, não houve pedido formal de apoio federal por parte do governo do Rio. Caso seja solicitado, a pasta afirmou que colocará a Força Nacional à disposição para ações de segurança e proteção de serviços essenciais.