Morreu nesta segunda-feira (27) o advogado Sergio Bermudes, aos 79 anos, em decorrência de complicações causadas pela Covid-19, após uma longa internação. Considerado um dos mais conhecidos advogados do país, Bermudes construiu uma carreira marcada por casos emblemáticos e pela formação de gerações de profissionais do Direito.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim (ES), Bermudes acumulou quase cinco décadas de atuação na advocacia. Fundou, em 1969, o escritório Sergio Bermudes Advogados, que se tornaria um dos mais reconhecidos do Brasil, com unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Atualmente, o escritório conta com mais de 130 advogados e consultores, além de cerca de 120 estagiários.
Um dos primeiros casos de destaque de Bermudes foi a defesa da viúva do jornalista Vladmir Herzog, ainda no início de sua carreira. Ele foi o responsável por obter o reconhecimento judicial de que Herzog foi assassinado sob custódia do Exército, decisão que marcou a história dos direitos humanos no país.
Nos anos 1980, Bermudes se consolidou como uma das principais referências do país em contencioso cível e reestruturação de empresas, liderando causas de grande repercussão nacional.
Além da advocacia, teve trajetória marcante no ensino jurídico. Iniciou sua carreira acadêmica em 1970 como professor assistente de Teoria Geral do Estado na Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual Uerj). No ano seguinte, tornou-se professor titular de Direito Processual Civil da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro. Em 1978, assumiu a cátedra de Direito Processual Civil na PUC-Rio, instituição da qual foi um dos professores mais reconhecidos.
Em 1985, foi nomeado pelo Governo Federal para integrar a comissão de cinco processualistas responsável pela revisão do Código de Processo Civil. Também exerceu, por dois anos, a função de juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.
Em nota, a OAB do Distrito Federal (OAB-DF) lamentou a morte e destacou o legado do jurista. A instituição relembrou que Bermudes foi homenageado em março deste ano pela Chambers and Partners, em São Paulo, “por sua influência na formação de centenas de profissionais e pela defesa dos direitos humanos, um testemunho de seu vasto e respeitado legado”.