Festa do Rosário dos Pretos completa um ano como Patrimônio Cultural da Bahia

Festa do Rosário dos Pretos completa um ano como Patrimônio Cultural da Bahia

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Luana Veiga

Fernando Barbosa / IPAC

Publicado em 23/10/2025 às 15:55 / Leia em 3 minutos

Considerada uma das mais antigas e emblemáticas manifestações religiosas e culturais da capital baiana, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos celebra, nesta semana, um ano de reconhecimento oficial como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. O ponto alto da festa ocorrerá no domingo (26), com a celebração de missa festiva às 10h, seguida de procissão pelo Centro Histórico de Salvador.

O registro como patrimônio imaterial foi concedido após um amplo processo técnico e de pesquisa conduzido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, vinculado à Secretaria de Cultura do Estado, que durou de 2018 a 2023. Além de garantir visibilidade e apoio institucional, o reconhecimento reafirma o papel histórico das irmandades negras como protagonistas da cultura baiana. A Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, em especial, representa um marco de autonomia e solidariedade: formada por pessoas negras, livres, libertas e escravizadas, que se uniram para construir seu próprio espaço de fé e devoção.

“Registrar a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é mais do que reconhecer uma tradição: é fortalecer a memória e a identidade de um povo que construiu sua cultura com coragem, fé e resistência. A patrimonialização garante que essas histórias e práticas continuem vivas, valorizando as irmandades negras como protagonistas de um legado que é de toda a Bahia”, destaca Marcelo Lemos, diretor-geral do IPAC.

Fé, ancestralidade e resistência

Realizada anualmente em outubro, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos soma cerca de 340 anos de tradição. A celebração acontece na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, templo erguido no início do século XVIII pelo esforço de homens e mulheres negras, muitos ainda escravizados. Desde então, o local se tornou símbolo da resistência negra e da devoção mariana, onde a fé católica se entrelaça à ancestralidade africana em um dos maiores exemplos de sincretismo religioso do país.

Durante os festejos, o Pelourinho se transforma: missas, cortejos, cânticos e percussão tomam as ruas, misturando espiritualidade, arte e tradição. O evento atrai fiéis, moradores e visitantes, todos imersos em ritos, apresentações culturais e homenagens aos antepassados.

Neste ano, as homenagens têm como tema “Com o Rosário na mão e os pés no chão da vida: 340 anos de fé, justiça e compromisso com o Reino de Deus”. A programação começou, oficialmente, em 7 de outubro, com as novenas celebradas sempre às 18h, e se estende até segunda-feira (27).

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