O vereador Daniel Alves apresentou um projeto de indicação que propõe transformar o Palácio Thomé de Souza, atual sede da Prefeitura de Salvador, em um museu dedicado ao arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé. O projeto, apresentado em 13 de outubro, já foi protocolado, mas ainda não foi votado pela Câmara Municipal.
A proposta surge em meio à mudança da sede da Prefeitura, prevista para janeiro de 2026, quando o Executivo municipal deverá deixar o Palácio Thomé de Souza, na Praça Municipal, e se transferir para o Palácio da Sé. A alteração atende a uma recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que solicitou a desocupação do imóvel em razão de questões estruturais e de conservação do patrimônio.
Para Daniel Alves, a homenagem seria uma forma de reconhecer a importância do arquiteto na história da cidade. “É justo que Lelé tenha essa homenagem, em uma peça que foi criada por ele. Até pela importância, a quantidade de obras que ele tem em Salvador, a inovação na arquitetura e na técnica que ele utilizava”, afirmou o vereador, em contato com o Alô Alô Bahia.
Lelé: o arquiteto por trás de ícones da arquitetura baiana
João da Gama Filgueiras Lima (1931–2014), mais conhecido como Lelé, foi um dos principais nomes da arquitetura brasileira do século XX, reconhecido pela aplicação pioneira da arquitetura industrializada e da pré-fabricação.
Nascido, criado e formado no Rio de Janeiro, onde se graduou em Arquitetura pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1955, Lelé mudou-se para Brasília em 1957, participando da construção da nova capital e colaborando com Oscar Niemeyer.
Em Salvador, Lelé consolidou uma relação profunda com a cidade. Foi responsável por obras marcantes, como o próprio Palácio Thomé de Souza, atual sede da Prefeitura, o Centro Administrativo da Bahia (CAB) e diversas passarelas urbanas. Durante as gestões do prefeito Mário Kertész, entre 1979 e 1988, tornou-se uma espécie de arquiteto oficial da cidade, conduzindo inúmeros projetos públicos.
Além de seu trabalho em Salvador, Lelé atuou como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde projetou e executou os hospitais da Rede Sarah Kubitschek e desenvolveu equipamentos hospitalares inovadores, como a cama-maca móvel amplamente utilizada na rede. Também foi responsável por sedes do Tribunal de Contas da União em cidades como Salvador, Aracaju, Cuiabá, Teresina, Natal, Vitória e Belo Horizonte.
Ritos da Câmara Municipal de Salvador
O projeto de indicação é uma sugestão formal feita por um vereador ao Poder Executivo, propondo a adoção de uma determinada medida. A recomendação política do vereador Daniel Alves, que não tem força de lei nem efeito imediato, já foi protocolada e registrada e, agora, passará pelo rito normal da Câmara Municipal, como ser encaminhado às comissões competentes, para discussão ou votação. Chegando nas mãos do prefeito, a indicação pode ser acatada ou não.
A proposta pode se transformar em ação concreta se for acatada pelo prefeito Bruno Reis. Nesse caso, o Executivo pode determinar a execução direta da medida ou encaminhar à Câmara um projeto de lei de sua autoria inspirado na indicação. Nos dois cenários, a ideia apresentada pelo vereador passa a ser efetivamente implementada pelo poder público e a Câmara pode receber uma resposta oficial informando as providências adotadas.