Aos 92 anos de idade e com 74 de carreira, Othon Bastos volta, pela primeira vez, à sua terra natal, Tucano (BA), em 87 anos. Desde que deixou a cidade, aos 6 anos, o ator não retornava e, mesmo com os conterrâneos achando que é fake news, o artista tem uma apresentação única do monólogo “Não me entrego, não!” agendada no município, no dia 29 de novembro, às 19h, na Praça da Matriz, no Centro de Tucano, com entrada gratuita.
Escrito e dirigido por Flávio Marinho, o espetáculo já percorreu mais de 20 cidades e encantou cerca de 80 mil espectadores em 200 apresentações. Mais do que um evento artístico, a peça marca um momento histórico para o município, com direito a homenagens ao ator. Ele receberá da Prefeitura de Tucano a Medalha Padre José Gumercindo, a maior honraria concedida pela gestão municipal, em reconhecimento à sua trajetória exemplar e à contribuição à cultura brasileira.
Segundo a colunista Lu Lacerda, da Veja Rio, a ideia de levar o bom filho de volta à casa foi de um dos patrocinadores, que se encantou com a peça e decidiu bancar a volta ilustre. A equipe ficará hospedada a 7 km de Tucano, em Caldas do Jorro, famoso destino turístico da região, conhecido por suas águas termais e melhor estrutura.
Exibição de filmes homenageia a trajetória de Othon Bastos
Como parte da programação em homenagem ao ator, a cidade de Tucano promoverá a Exibição de Filmes protagonizados por Othon Bastos, entre os dias 24 e 28 de novembro, no auditório do Colégio Estadual de Tempo Integral de Tucano (CETIT), com capacidade para 200 pessoas.
As sessões gratuitas ocorrerão sempre às 10h e às 14h, voltadas a estudantes da rede pública. Após as exibições, haverá debate com o cineasta tucanense Marcelo Filho, bacharel em Direção Cinematográfica pela Fundación Universidad del Cine de Buenos Aires e produtor criativo da Lunário Produções Artísticas.
Programação das exibições
– 24/11 – O Pagador de Promessas (1962, Livre) – Sessões às 10h e 14h
– 25/11 – Central do Brasil (1998, 12 anos) – Sessões às 10h e 14h
– 26/11 – São Bernardo (1972, 10 anos) – Sessões às 10h e 14h
– 27/11 – O Paciente (2018, 10 anos) – Sessões às 10h e 14h
– 28/11 – Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964, 14 anos) – Sessões às 10h e 14h
Uma vida em cena
Considerado por críticos e público como um dos maiores atores brasileiros vivos, Othon Bastos sobe ao palco para revisitar momentos marcantes de sua trajetória no teatro e no cinema. A peça conduz o público por um percurso afetivo e reflexivo entre lembranças, desafios e conquistas, revelando a essência de um artista que se reinventou inúmeras vezes, sem nunca perder o amor pelo ofício.
O texto de Flávio Marinho nasceu de uma parceria afetiva e de um vasto material escrito pelo próprio Othon, cerca de 600 páginas de memórias, pensamentos e anotações. O resultado é um mergulho profundo na história e na alma do ator, transformando suas experiências pessoais e profissionais em teatro vivo, pulsante e humano.
“O Flávio leu tudo o que escrevi e foi montando o espetáculo, costurando lembranças e reflexões. É curioso porque, embora a peça fale da minha memória, o texto chega editado, diferente das lembranças espontâneas”, comenta Othon, que, na encenação, é acompanhado pela atriz Marta Paret, que interpreta sua “Memória”, uma presença simbólica, ora questionadora, ora cúmplice, em um diálogo poético com o passado.
Flávio Marinho destaca que, mais do que um relato biográfico, a peça é uma celebração da arte e da resistência. “O público verá um Othon Bastos inteiro em cena, revisitando suas histórias com humor, emoção e sabedoria. Cada lembrança abre espaço para reflexões sobre temas universais: amor, fé, política, teatro, cinema e o sentido de seguir adiante”, explica o autor e diretor.
Othon Bastos por Beti Niemeyer
Com trilha sonora de Liliane Secco, iluminação de Paulo César Medeiros e direção de arte de Ronald Teixeira, o espetáculo é um mosaico de memórias, citações literárias e filosofia de vida.
“É meu primeiro monólogo e sobre a minha própria vida. Quero que o público veja quem eu sou e o que vivi. Não trago lembranças amargas, apenas as alegres e inspiradoras, para mostrar que um ator é, antes de tudo, uma pessoa comum que busca doar o que recebeu como dom”, afirma o artista.
A turnê nacional de “Não me entrego, não!”, produzida pela Gávea Filmes, segue em cartaz sem previsão de encerramento. Em 2026, o espetáculo retorna ao Teatro Vannucci (RJ), onde reestreou em junho de 2024, para uma nova temporada. A produção tem patrocínio da Transpetro, por meio da Lei Rouanet, e conta com o apoio da Prefeitura de Tucano.
