O tradicional bar O Cravinho, ícone do Pelourinho há quatro décadas, está de portas fechadas. A decisão, tomada pelos proprietários, é um protesto direto contra a interdição de sua bebida homônima, um destilado artesanal de cachaça e especiarias que é o carro-chefe do estabelecimento. A suspensão da venda ocorreu após uma fiscalização realizada no local, na tarde desta quinta-feira (16).
A operação, que envolveu o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a Polícia Civil, resultou na interdição de alguns barris e na coleta de cinco amostras para análise no Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Segundo comunicado do Ministério da Agricultura e Pecuária, a produção foi interditada por “falta de autorização para a fabricação dos destilados”.
A nota oficial da operação detalhou que foram encontradas “infusões alcoólicas e dois produtos engarrafados”, os quais estavam sendo comercializados sem o devido registro para produção.
Além da interdição dos barris e da coleta das amostras, o comunicado informou que um dos proprietários do Cravinho será intimado a prestar esclarecimentos às autoridades.
O que dizem os proprietários
Em nota enviada ao Alô Alô Bahia, os proprietários do Cravinho, Jolival Reis e Meire Gomes, rebateram as informações sobre as irregularidades, classificando-as como “incorretas”.
Eles garantem que o bar possui toda a documentação regularizada e cumpre rigorosamente as exigências legais e sanitárias vigentes.
O fechamento do espaço, segundo a nota, foi uma decisão própria em forma de protesto contra a interdição da cachaça artesanal. Eles reiteraram a confiança na qualidade do produto, afirmando que “não há nada de errado com o produto nem com o estabelecimento comercial”.
A bebida, que vende até 1.200 litros por mês ao preço de R$ 40 o litro, é descrita por eles como um símbolo da cultura baiana. Os proprietários, que recebem turistas e personalidades de todo o mundo, explicam que não há qualquer ilegalidade na produção ou comercialização do destilado.
Os donos do bar informaram que já haviam solicitado um laudo técnico para a análise e certificação da bebida antes da fiscalização. A amostra foi entregue no dia 3 de outubro ao laboratório da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que é vinculado ao MAPA, e eles aguardam o parecer oficial.
O comunicado dos proprietários detalha ainda que a própria fiscalização “não identificou qualquer irregularidade no local” do estabelecimento comercial, sendo o foco a falta de registro do produto.
Um dos proprietários deve comparecer ao Ministério da Agricultura nesta sexta-feira (17) para dar continuidade ao processo de esclarecimento e liberação da venda do cravinho.
Leia a nota dos proprietários na íntegra:
Os proprietários do tradicional bar O Cravinho, localizado no Pelourinho, vieram a público nesta quinta-feira (16) esclarecer informações incorretas que passaram a circular após uma interdição temporária do estabelecimento durante uma operação de fiscalização realizada por órgãos estaduais e federais.
Segundo Jolival Reis e Meire Gomes, responsáveis pelo bar, não procede a informação de que o Cravinho tenha sido interditado por comercializar produtos sem nota fiscal ou por ausência de alvará de funcionamento. De acordo com os proprietários, toda a documentação do estabelecimento está regularizada, e o bar segue em conformidade com as normas legais e sanitárias vigentes.
A decisão de manter as portas fechadas, explicam, está relacionada à impossibilidade de vender o tradicional cravinho, bebida artesanal símbolo da casa e da cultura baiana. “Não há qualquer ilegalidade na produção ou comercialização do nosso produto, reconhecido há mais de quatro décadas por sua qualidade e tradição”, afirmam.
O Cravinho também informou que, no dia 1º de outubro, solicitou laudo técnico ao laboratório da Universidade Federal da Bahia (UFBA), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), para análise e certificação da bebida. A amostra foi entregue no dia 3 de outubro, e o bar aguarda o resultado oficial do parecer.
Os responsáveis destacam ainda que a operação de fiscalização não identificou nenhuma irregularidade no local. Jolival Reis deve comparecer pessoalmente ao MAPA nesta sexta-feira (17) para seguir com o processo de esclarecimento e buscar a liberação da venda do cravinho artesanal.
Com mais de 40 anos de história, O Cravinho é considerado um patrimônio afetivo e cultural de Salvador, sendo ponto de encontro de baianos e turistas e referência no Centro Histórico. Os proprietários reiteram o compromisso com a legalidade, qualidade dos produtos e respeito ao público, que há décadas fazem do Cravinho um dos ícones da cidade.