Fernanda Montenegro completa 96 anos de vida dedicada à arte

Fernanda Montenegro completa 96 anos de vida dedicada à arte

Redação Alô Alô Bahia

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Redação Alô Alô Bahia

Bob Wolfenson

Publicado em 16/10/2025 às 10:10 / Leia em 4 minutos

Nesta quinta-feira (16), o Brasil celebra os 96 anos de Fernanda Montenegro, a grande dama do teatro, do cinema e da televisão brasileira. Nascida em 1929, no Rio de Janeiro, Arlette Pinheiro Monteiro Torres, seu nome de batismo, construiu uma trajetória única, marcada por talento, elegância e uma dedicação inabalável às artes cênicas.

Considerada um dos maiores nomes da dramaturgia nacional, Fernanda segue ativa, inspirando gerações de artistas e emocionando o público com sua entrega e lucidez artística.

Foto: Murillo Meirelles

Da rádio aos palcos: o início de uma carreira lendária

A história de Fernanda Montenegro com a arte começou cedo. Ainda adolescente, trabalhou como locutora e atriz de rádio na Rádio MEC, onde aprendeu a lidar com a voz e o texto, ferramentas que se tornariam sua marca registrada.

Nos anos 1950, estreou no teatro profissional com a peça “Alegres Canções nas Montanhas” e, desde então, nunca mais saiu dos palcos. Foi uma das primeiras atrizes contratadas da TV Tupi, no início da televisão no Brasil, e participou de produções pioneiras que ajudaram a moldar o formato das telenovelas.

Recebendo o Urso de Prata, em 1998, por “Central do Brasil” | Reprodução/Redes Sociais

“Central do Brasil” e o reconhecimento internacional

O cinema também foi cenário de momentos decisivos na carreira da atriz. Em “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, Fernanda viveu Dora, uma professora aposentada que escreve cartas para analfabetos em uma estação ferroviária. A atuação lhe rendeu o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim e uma indicação ao Oscar, tornando-se a primeira brasileira a concorrer na categoria de Melhor Atriz, feito só repetido por sua filha, Fernanda Torres, quase 30 anos depois.

Emmy, ABL e uma carreira de prêmios

Ao longo das décadas, Fernanda Montenegro acumulou incontáveis prêmios e homenagens. Em 2013, venceu o Emmy Internacional de Melhor Atriz por sua interpretação de Dona Picucha no especial “Doce de Mãe”, da TV Globo. Foi a primeira brasileira a conquistar o prêmio.

No teatro, foi reconhecida com diversos prêmios nacionais e internacionais e, na televisão, brilhou em novelas e séries que se tornaram clássicos, como “Guerra dos Sexos”, “Cambalacho”, “O Outro Lado do Paraíso” e “A Vida Invisível”.

Em 2021, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira atriz a ocupar uma cadeira na instituição. Sua posse, na Cadeira 17, em 2022, simbolizou o reconhecimento da literatura e das artes cênicas como linguagens igualmente nobres.

A atriz levou o Emmy pela atuação em “Doce de Mãe” | Reprodução/Redes Sociais

Uma presença eterna na cultura brasileira

Aos 96 anos, Fernanda Montenegro continua sendo sinônimo de arte, inteligência e integridade. Sua trajetória reflete não apenas a evolução do teatro e do audiovisual no país, mas também a força de uma mulher que atravessou quase um século de transformações culturais sem jamais perder a essência.

A atriz continua mostrando que a idade não é limite para a criação artística e vem encantando o público com leituras dramáticas de Simone de Beauvoir”, que percorrerá várias cidades do país.

“É vocação, não tem jeito. Quando há esse chamado, a gente vai como pode. Senão… pra que viver? No palco? Me sinto viva. Tem uma hora em que se vive com o coração na mão, sabe? Ainda acordo e canto. Isso mantém o ímpeto de pegar a si mesma e dizer: ‘Vamos lá!'”, disse, ano passado, ao jornal O Globo.

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