Pela primeira vez em 20 anos, o passaporte dos Estados Unidos deixou de figurar entre os dez mais poderosos do mundo, segundo o Henley Passport Index. Atualmente, os americanos podem viajar sem visto para 180 dos 227 destinos analisados, mas o país caiu para a 12ª posição, empatado com a Malásia. O Reino Unido também registrou seu pior desempenho histórico, caindo da 6ª para a 8ª posição.
A liderança do ranking continua com Singapura, cujo passaporte garante entrada sem visto em 193 destinos, seguida pela Coreia do Sul (190) e Japão (189). O índice é elaborado pela consultoria britânica Henley & Partners, com base em dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Por que o passaporte americano perdeu força
Segundo a Henley & Partners, a queda do passaporte norte-americano é resultado de uma série de mudanças de reciprocidade. Entre os fatores estão a perda do acesso sem visto ao Brasil, em abril; a exclusão dos EUA da lista de países com isenção de visto da China; e alterações em Papua-Nova Guiné, Mianmar, Somália e Vietnã.
“O declínio do passaporte americano é mais do que uma simples troca de posições, reflete uma mudança profunda na mobilidade global e no equilíbrio de poder”, afirma Christian H. Kaelin, presidente da Henley & Partners e criador do índice.
Apesar de permitir viagens sem visto para 180 países, os EUA liberam entrada apenas para cidadãos de 46 nacionalidades, ocupando o 77º lugar no Henley Openness Index, que mede a abertura dos países. Essa disparidade é uma das maiores do mundo, superada apenas pela Austrália.
De acordo com Annie Pforzheimer, do Center for Strategic and International Studies (CSIS), o isolamento político é o principal fator da retração. “Mesmo antes de um segundo mandato de Trump, os EUA já vinham adotando uma política cada vez mais voltada para dentro. Essa postura isolacionista agora se reflete na perda de poder do passaporte americano”, disse.
China sobe e amplia influência global
Enquanto os EUA recuam, a China registra um avanço expressivo. Em dez anos, passou da 94ª para a 64ª posição do ranking, com aumento de 37 destinos acessíveis sem visto. No índice de abertura, o país permite entrada sem visto a 76 nações, 30 a mais que os Estados Unidos.
Os novos acordos de Pequim com Rússia, países do Golfo, América do Sul e Europa reforçam sua estratégia de abertura, ampliando a influência chinesa na mobilidade global.