Em entrevista ao site norteamericano Deadline, divulgada na última semana, o ator Wagner Moura falou sobre sua relação com Salvador, cidade onde nasceu e onde tem um apartamento com vista para o mar em frente ao Farol da Barra.
“Olha esse lugar, cara!”, disse o artista, orgulhoso ao mostrar a paisagem da capital baiana para o repórter Baz Bamigboye.
Durante a conversa, Moura comentou sobre as influências culturais e a forte presença da ancestralidade africana na cidade. “Esta é a cidade mais negra do mundo fora da África, né?”, afirmou.
Ele destacou ainda que Salvador abriga uma expressão única de identidade afro-brasileira, especialmente por meio do candomblé, religião fundada por africanos escravizados no século XIX.
O ator também revelou sua admiração pelo fotógrafo francês Pierre Verger, que viveu boa parte da vida em Salvador e registrou cenas da cultura afro-brasileira tanto no Brasil quanto no continente africano.
No apartamento de Moura, fotografias de Verger estão entre os principais destaques da decoração. “Ele se envolveu tanto com o candomblé e a cultura afro-brasileira que, mesmo sem acreditar em Deus, se tornou uma figura marcante dentro da religião”, comentou.
Wagner Moura, que ficou conhecido mundialmente por papéis como o capitão Nascimento em “Tropa de Elite” e Pablo Escobar na série “Narcos”, também refletiu sobre o papel de resistência do candomblé ao longo da história.
Na entrevista, ele relembrou que a prática da religião foi alvo de perseguição e proibição no início do século XX, quando as autoridades coloniais e religiosas tentavam impor o catolicismo como única fé aceita no país. “Foi também um movimento de resistência da cultura negra no Brasil”, observou o ator.