Toda preta é rainha! Margareth Menezes celebra 63 anos como símbolo da reconstrução cultural do Brasil

Toda preta é rainha! Margareth Menezes celebra 63 anos como símbolo da reconstrução cultural do Brasil

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Bia Abramo e Guto Alves

Publicado em 13/10/2025 às 09:40 / Leia em 5 minutos

Nesta segunda-feira, 13 de outubro, Margareth Menezes celebra 63 anos. O aniversário, no entanto, é apenas o pretexto para reverenciar uma figura que, assim como outros gigantes da música baiana, transcendeu o palco para ocupar um lugar incontornável na história cultural e política do Brasil.

Cantora, compositora, atriz, ativista e, atualmente, Ministra da Cultura do Brasil, Menezes encarna a própria diversidade e a força indomável da cultura popular. Sua trajetória é a prova de que a arte, quando profunda e enraizada, é a ferramenta mais poderosa para a emancipação social.

Foto: Divulgação

A história de Margareth no cenário artístico começou no teatro, em Salvador, no início dos anos 1980. Esse alicerce lhe deu a presença cênica e a força performática que logo a levariam para o universo da música.

A explosão de sua carreira veio com o lançamento de seu primeiro álbum, rapidamente impulsionada pela parceria com David Byrne, da banda norteamericana Talking Heads, que a levou a uma projeção internacional inédita.

O reconhecimento pode se traduzir em números: são 17 obras lançadas em 38 anos de carreira, diversas turnês que rodaram o mundo e indicações ao Grammy e ao Grammy Latino.

O seu legado artístico é o Afropop Brasileiro, como ela mesma carimbou, em 2001, com o disco de mesmo nome e que conta com a faixa “Dandalunda”.

Margareth Menezes não apenas canta o gênero, ela o fundou. O Afropop é uma fusão rítmica que celebra a cultura afro-brasileira, misturando o samba-reggae, o ijexá, o axé e o pop global, dando voz à diáspora africana com uma sonoridade inconfundível. Precursora do movimento, Margareth foi a primeira voz do samba-reggae gravado no Brasil, com a icônica música “Faraó – Divindade do Egito”.

No Carnaval, esse movimento ganhou as ruas, inicialmente com o bloco Os Mascarados (1999), resgatando a tradição das fantasias, e mais tarde com o bloco Afropop Brasileiro, como um espaço democrático e sem cordas de celebração da cultura negra.

Foto: Divulgação

A cultura como política antes da pasta

Antes de assumir o Ministério, Margareth já exercia a gestão cultural em sua base. Por meio da Fábrica Cultural, sua organização não-governamental, ela desenvolveu projetos socioeducativos com foco em arte para crianças e adolescentes carentes.

Em seu discurso, Margareth sempre pontuou o potencial da cultura como pilar de desenvolvimento social e, sobretudo, econômico. Ela defendia — e hoje implementa — a visão de que a arte não é um gasto, mas um investimento estratégico.

O convite para assumir a pasta, então, não foi apenas uma escolha artística, mas um reconhecimento do seu ativismo e da sua representatividade. Ser uma mulher negra, baiana, que veio da efervescência da cultura popular, e que alcança o mais alto cargo institucional deve ser visto como um poderoso símbolo de reparação histórica.

O desafio da reconstrução no MinC

Em 2023, Margareth Menezes aceitou o convite do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a missão de reconstruir o Ministério da Cultura (MinC), que havia sido desmantelado na gestão anterior. Ela trouxe para a Esplanada a visão que o próprio presidente almejava para a pasta: o “coração do artista” na gestão.

Desde que assumiu, seu trabalho tem sido pautado pela institucionalização e pelo fortalecimento do setor, reestruturando o MinC e retomando políticas essenciais que estavam paralisadas ou foram extintas. As principais bandeiras da sua gestão são:

  • Fortalecer a área não apenas como arte, mas como setor produtivo, que hoje movimenta cerca de 3,11% do PIB nacional;
  • A implementação e o destravamento de leis de fomento fundamentais, como a Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), com o objetivo de nacionalizar o fomento, garantindo que os recursos cheguem a todos os estados e comunidades.

Sua gestão defende a cultura como um ato de resistência e um pilar da democracia. “Todas as vezes que se tenta sufocar a cultura, ela ressurge de outra forma, em outras manifestações. Vem uma nova geração que compreende e sintetiza isso de outras maneiras”, pontuou em um de seus discursos de posse.

Foto: Juliana Uepa/Luciele Oliveira

Margareth Menezes, aos 63 anos, é a materialização da potência criativa da Bahia que se tornou política pública. Ela é a artista que leva a força do palco para todos e garante que as vozes da cultura popular sejam não apenas ouvidas, mas financiadas.

O seu legado é a prova viva de que a arte e a gestão, quando unidas, são a maior ferramenta para construir uma identidade nacional plural e forte.

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