Comerciante intoxicado por metanol recebe alta após tratamento inusitado com vodca russa em SP

Comerciante intoxicado por metanol recebe alta após tratamento inusitado com vodca russa em SP

Redação Alô Alô Bahia

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Redação Alô Alô Bahia com informações do g1

Acervo pessoal

Publicado em 12/10/2025 às 18:34 / Leia em 4 minutos

O comerciante Cláudio Crespi, de 55 anos, um dos casos confirmados de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, recebeu alta hospitalar neste domingo (12), depois de quase duas semanas internado. O tratamento, que chamou atenção, envolveu o uso de vodca russa com 40% de etanol, improvisada como antídoto na ausência do medicamento específico e sessões de hemodiálise.

Cláudio ainda enfrenta sequelas, incluindo perda de cerca de 90% da visão, mas comemorou a recuperação. “Muita gratidão a Deus, aos médicos e a todos que torceram pela recuperação. Agora é dar continuidade no tratamento da visão e confiamos nas autoridades públicas para que façam o que for preciso para que não haja mais vítimas”, disse após deixar o hospital.

O caso teve início em 26 de setembro, quando Cláudio passou mal após beber vodca em um bar. No dia seguinte, o quadro piorou e ele precisou ser internado. A advogada Camila Crespi, sobrinha do comerciante, contou que o tio foi levado às pressas para a UPA da Vila Maria, na Zona Norte da capital, onde uma médica levantou a suspeita de intoxicação por metanol. Cláudio foi entubado, mas o hospital não dispunha do antídoto necessário.

Diante da urgência, Camila recorreu a uma solução improvável: uma garrafa de vodca russa decorativa que ela mantinha em casa havia cinco meses. “O hospital não tinha o antídoto. Eu fui buscar uma vodca em casa. Eu e meu marido não bebemos e a vodca russa estava em casa fechada e pronta para o meu tio usar. Na hora do desespero, a médica pediu um destilado e lembramos que tinha essa em casa”, relatou.

A bebida foi administrada sob controle médico por quatro dias. Segundo a família, o uso do destilado ajudou a estabilizar o quadro. “Ajudou a estabilizá-lo. A hemodiálise que fez a diferença”, contou Camila.

Em estado grave, Cláudio chegou a ser considerado sem chances de recuperação e sua mãe chegou a se despedir no leito. No entanto, no dia 2 de outubro, ele despertou do coma e, quatro dias depois, deixou a UTI.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou que o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) recomendou o uso de bebida alcoólica administrada por sonda nasogástrica como medida emergencial. “Protocolo reconhecido e utilizado em situações emergenciais com bons resultados clínicos. O procedimento foi acompanhado por um familiar que também é médico. A administração do antídoto (o próprio etanol) deve ser realizada em um equipamento de saúde, para impedir que o corpo transforme o metanol em substâncias tóxicas”, informou a pasta.

Durante o período de internação, Cláudio passou por reabilitação e segue em tratamento para tentar reverter parte das sequelas. Ele afirma não se lembrar de detalhes do início da intoxicação, nem do bar onde estava. “Bebi uma dose e, no sábado, na parte da manhã, eu fui para o hospital com uma dor de cabeça. Chegando lá falaram que eu estava com pneumonia. Eu só me lembro de três dias para cá”, contou à TV Globo.

“Os meus sintomas agora: um pouco só de [dificuldade na] respiração e a visão, que eu tenho só 10%. Mas eu fiquei sem falar, sem andar. Fiquei debilitado totalmente. Não sei ainda o futuro. Eu sei que eu ganhei uma vida nova”, disse.

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