Motoboy que ficou cego após beber uísque com metanol tem alta após 45 dias

Motoboy que ficou cego após beber uísque com metanol tem alta após 45 dias

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Com informações de Correio

Reprodução

Publicado em 09/10/2025 às 15:07 / Leia em 2 minutos

Foram 45 dias entre tubos, remédios e incertezas até que o motoboy Wesley Neves Pereira, de 31 anos, deixasse o hospital nesta quarta-feira (8). Magro e com dificuldades para andar, ele voltou para casa após sobreviver a uma grave intoxicação por metanol — substância usada indevidamente em bebidas alcoólicas adulteradas.

O problema começou em um sábado de festa. Wesley comprou uma garrafa de uísque para levar a um baile funk. “Fechada. Garrafa fechada”, lembra ele, que falou em entrevista à TV Globo. Questionado se chegou a verificar o lacre, respondeu: “Não cheguei a olhar não. A gente só bebeu mesmo”.

No dia seguinte, o que parecia ressaca virou desespero. “Dor na barriga. Eu falei: ‘Mãe, está doendo muito. Pegando fogo, está queimando’. Aí ela falou: ‘Calma, filho, calma’”, conta o motoboy, ainda com voz fraca. A intoxicação comprometeu os pulmões, o levou à intubação e provocou um AVC.

Agora, com uma cicatriz da traqueostomia no pescoço e movimentos limitados, Wesley tenta se readaptar. “Muita fraqueza no movimento, mobilidade ruim. Eu tenho que ficar tomando remédio direto para dor nas pernas”, relata. “A visão eu perdi também.”

Para a irmã, Sheily Pereira Neves, o reencontro é ao mesmo tempo motivo de alívio e tristeza. “Muito difícil. Ai, gente! A gente vê ele como ele era e como ele está…”, diz, emocionada. “Uma pessoa que estava bem, que saiu para se divertir… e voltar nesse estado.”

O oftalmologista Fábio Ejzenbaum, que acompanha casos semelhantes, explicou que a recuperação é demorada e pode ser incompleta. “É um tratamento de longo prazo, em alguns casos multidisciplinar. E talvez, se a gente for falar da visão, é talvez uma reeducação, um modo desses pacientes aprenderem a viver de outra maneira, já que as sequelas, na maioria das vezes, não são reversíveis.”

Enquanto segue com terapias e medicamentos, Wesley diz se preocupar com o futuro e espera que as investigações sobre as bebidas contaminadas avancem. “Eu ajudo meu pai e minha mãe. Eu queria poder ajudar. Não poderia ficar doente”, lamenta.

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