Filho faz relato emocionante após Milton Nascimento ser diagnosticado com demência: ‘Tem sido uma batalha diária’

Filho faz relato emocionante após Milton Nascimento ser diagnosticado com demência: ‘Tem sido uma batalha diária’

Redação Alô Alô Bahia

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Com informações do Extra

Reprodução / Redes sociais

Publicado em 02/10/2025 às 15:37 / Leia em 5 minutos

Filho de Milton Nascimento, o empresário e advogado Augusto Kesrouani Nascimento, fez um relato emocionante sobre os últimos dias com o pai após o cantor e compositor, de 82 anos, ter sido diagnosticado com demência. Em um longo texto nas redes sociais nesta quinta-feira, 2, Augusto contou que já havia notado alguns comportamentos diferentes do pai, mas nada que achasse alarmante.

“Com o tempo, as alterações foram se acentuando. O Parkinson, diagnosticado em 2022, avançando, e as pequenas atividades do dia a dia sofrendo impacto”. O empresário contou que no início do ano chegou a fazer uma viagem ao lado do pai, o que era comum.

“Em maio, decidi fazer uma viagem de motorhome com ele. Rodamos aproximadamente 4.000 km, eu dirigia com ele sempre ao meu lado de copiloto e escolhendo as músicas – tal qual sempre fizemos em nossas boas viagens pelo mundo. De alguma forma, eu sabia que aquela viagem seria uma despedida desses momentos”.

O diagnóstico veio após o Dia dos Pais, em agosto, depois de um susto. Milton precisou procurar ajuda médica após um mal-estar, resultado da dificuldade de se hidratar e alimentar. Ali foi quando a família recebeu o resultado. Segundo o filho, de lá para cá ele vem vivendo uma montanha-russa.

“Nossos diálogos, desde então, têm sido, em sua maioria, silenciosos ou um pouco confusos. Meu pai me chama e tenta falar comigo, mas nem sempre consegue se expressar. As inúmeras ligações a cada vez que eu viajo para trabalhar, já não existem mais, nem mesmo a curiosidade por boas fofocas da vida, ou a espera ansiosa por cada vez que eu retorno para casa em que ele me aguardava com uma camiseta com a nossa foto, ou a curiosidade travessa de me perguntar se eu tinha batido em todo mundo nas voltas dos treinos de jiu-jítsu”.

Augusto disse que não irá mais falar sobre o assunto publicamente e pediu respeito pelo momento que o pai está vivendo: “Peço respeito e compaixão de todos nesse momento tão delicado. Eu te amo e sempre amarei, paizinho”.

Leia o texto completo:

“No final do ano passado, comecei a notar alguns comportamentos diferentes do meu pai, mas nada que fosse alarmante. De lá para cá, fomos levando a vida normalmente, ainda que com uma preocupação sempre existente, mas com ele recebendo inúmeras homenagens, sendo ovacionado, vibrando, cantando, sendo tema de desfile no carnaval, e por aí vai.

Com o tempo, as alterações foram se acentuando. O Parkinson, diagnosticado em 2022, avançando, e as pequenas atividades do dia a dia sofrendo impacto.

Em maio, decidi fazer uma viagem de motorhome com ele. Rodamos aproximadamente 4.000 km, eu dirigia com ele sempre ao meu lado de copiloto e escolhendo as músicas – tal qual sempre fizemos em nossas boas viagens pelo mundo. De alguma forma, eu sabia que aquela viagem seria uma despedida desses momentos.

Dentro das limitações dele, nos divertimos muito e, quando voltamos, ele só dizia que havia sido a melhor viagem da vida dele.

Poucos dias depois da volta, gravamos juntos uma campanha de Dia dos Pais e, no dia seguinte, ele olhou para mim e disse: ontem foi foda, né?! Como o belo coruja que é, sempre exaltando todos os momentos e realizações que tínhamos conjuntamente.

Uma semana depois, eu estava em Teresina a trabalho, e tive que voltar correndo, pois ele não estava legal e precisou ir ao hospital. Era uma desidratação, já fruto da dificuldade que ele vem tendo de se hidratar e alimentar.
Dali para frente, entramos em uma montanha-russa, e absolutamente tudo mudou de forma extremamente rápida: veio, então, o duro diagnóstico de demência.

Nossos diálogos, desde então, têm sido, em sua maioria, silenciosos ou um pouco confusos. Meu pai me chama e tenta falar comigo, mas nem sempre consegue se expressar. As inúmeras ligações a cada vez que eu viajo para trabalhar, já não existem mais, nem mesmo a curiosidade por boas fofocas da vida, ou a espera ansiosa por cada vez que eu retorno para casa em que ele me aguardava com uma camiseta com a nossa foto, ou a curiosidade travessa de me perguntar se eu tinha batido em todo mundo nas voltas dos treinos de jiu-jítsu.

Tem sido uma batalha diária, uma dor intensa e um vazio enorme no peito, pois, de alguma forma, o meu melhor amigo está me deixando aos poucos.

Em alguns momentos, enquanto assisto televisão com ele, em meio ao silêncio, ele puxa e segura a minha mão. Também tem sido comum que ele só aceite fazer algumas refeições, quando eu estou ali o incentivando… acho que essas têm sido as maneiras dele me dizer o que em alguns momentos ele não vem conseguindo expressar através das palavras.

Venho tentando retribuir todo o bem, o amor, cuidado e carinho, dando o máximo de dignidade e conforto que ele pode e merece ter nesse momento.

Desde o momento em que o universo nos colocou um no caminho do outro, somos inseparáveis e invencíveis, e seguiremos assim enquanto estivermos juntos nessa vida.

Peço respeito e compaixão de todos nesse momento tão delicado. Eu te amo e sempre amarei, paizinho”.

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