A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (1º), oito pessoas em Feira de Santana (BA), incluindo quatro policiais militares, durante a Operação Estado Anômico, que investiga crimes de lavagem de dinheiro, agiotagem, jogo do bicho, extorsão e receptação qualificada. O deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (PRD), é apontado como líder da organização criminosa e está foragido.
Entre os presos estão a esposa do parlamentar, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano. Ambos já haviam sido detidos em 2023, mas foram soltos em abril de 2024. De acordo com a investigação, João Guilherme movimentava dinheiro ilícito desde antes da maioridade e teria repassado cerca de R$ 474 mil ao pai, enquanto Mayana apresentava movimentações financeiras incompatíveis com sua renda declarada.
Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 9 milhões em contas bancárias dos investigados e a suspensão de atividades de uma empresa ligada ao grupo. Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Salvador.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a operação é um desdobramento da “Operação El Patrón”, deflagrada em 2023, que já havia levado a denúncias contra o deputado e familiares. Na época, foram encontradas milhares de peças automotivas em um dos imóveis ligados à quadrilha.
Em junho de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou parte dos efeitos da El Patrón, alegando falhas na obtenção de relatórios sigilosos do Coaf sem autorização judicial. A decisão, no entanto, é passível de recurso.
De acordo com a PF, o grupo continuou atuando mesmo sob medidas cautelares, usando empresas de fachada e “laranjas” para movimentar recursos. Se condenados, os investigados podem cumprir penas que somadas ultrapassam 50 anos de prisão.
A operação contou com a participação de 100 policiais, 11 auditores-fiscais e três analistas da Receita Federal.