Os Estados Unidos vivem desde a madrugada desta quarta-feira (1º) a 15ª paralisação de seu governo federal desde 1981. O chamado “shutdown” foi provocado pela falta de acordo no Congresso para aprovar o orçamento que garantiria a continuidade do financiamento público.
O impasse está na área da saúde. Democratas condicionam a votação à renovação de programas de assistência médica prestes a expirar, enquanto os republicanos, liderados por Donald Trump, exigem que o tema seja tratado em separado. Ambos os partidos trocaram acusações sobre quem seria responsável pela crise, com a Casa Branca classificando a suspensão como “shutdown democrata”.
Com a paralisação, milhares de servidores públicos foram colocados em licença sem remuneração. Funcionários de setores essenciais, como segurança pública, fiscalização de fronteiras e parte do controle aéreo, seguem em atividade, mas sem garantia de pagamento imediato.
No setor de aviação, a Administração Federal (FAA) informou que 11 mil trabalhadores foram afastados e que 13 mil controladores continuarão no trabalho sem receber salários. O cenário pode causar atrasos e filas em aeroportos, a exemplo do que ocorreu em 2019, quando Trump manteve o governo fechado por 35 dias durante a disputa pelo muro na fronteira com o México, episódio que custou cerca de US$ 3 bilhões à economia americana.
Além dos aeroportos, parques nacionais, museus e zoológicos federais também devem suspender serviços, incluindo pontos turísticos como a Estátua da Liberdade e o National Mall, em Washington. Já o pagamento de aposentadorias, benefícios de invalidez e serviços postais será mantido, pois não depende do orçamento do Congresso.
Na área da defesa, mais da metade dos 742 mil servidores civis do Pentágono ficará afastada, enquanto cerca de 2 milhões de militares permanecem em seus postos. Contratos assinados antes da paralisação continuam em vigor.
A última tentativa de acordo ocorreu na noite de terça-feira (30), mas a proposta discutida obteve apenas 55 dos 60 votos necessários no Senado. Sem orçamento aprovado, dados econômicos podem atrasar e programas de apoio a pequenas empresas podem ser prejudicados.
A crise se intensificou após Trump afirmar que, diante do shutdown, poderia “demitir muita gente” ligada aos democratas e encerrar programas que associa ao partido rival. A falta de consenso ocorre a pouco mais de um ano das eleições legislativas de 2026, que definirão o controle do Congresso.
