O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta terça-feira (23), na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, que a soberania brasileira é “inegociável” e que o mundo precisa se unir em torno da democracia, do desenvolvimento sustentável e do combate à fome e à pobreza.
Em um discurso de 15 minutos, aplaudido em diversos trechos, Lula lembrou que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome neste ano, mas destacou que a realidade global ainda é alarmante.
“No mundo, há 670 milhões de pessoas famintas. A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza. Esse é o objetivo da Aliança Global que lançamos no G20, que já conta com o apoio de 103 países”, afirmou.
O presidente alertou que a pobreza é terreno fértil para o enfraquecimento da democracia. “Seu vigor pressupõe a redução de desigualdades e a garantia dos direitos mais elementares: a alimentação, a segurança, o trabalho, a moradia, a educação e a saúde. A democracia falha quando mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros. Perde quando fecha portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo. A pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo”, disse.
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Lula também defendeu uma mudança de prioridades da comunidade internacional. Para ele, é essencial reduzir gastos com guerras e ampliar investimentos em inclusão social. O presidente cobrou o alívio da dívida externa de países pobres, em especial os africanos, e a criação de padrões mínimos de tributação global que garantam que “os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores”.
Íntegra do discurso de Lula na ONU
Como manda a tradição desde 1955, o Brasil foi o primeiro Estado-membro a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU. Lula falou logo após o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidenta da Assembleia, Annalena Baerbock.
“O mundo vive um tempo de incertezas. Nossa missão histórica é a de tornar a ONU novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”, concluiu Lula.