Morre a socióloga Maria Brandão, aos 92 anos, referência das ciências sociais na Bahia

Morre a socióloga Maria Brandão, aos 92 anos, referência das ciências sociais na Bahia

Redação Alô Alô Bahia

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Tiago Mascarenhas

Arquivo Pessoal

Publicado em 22/09/2025 às 09:34 / Leia em 3 minutos

A socióloga e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Maria David de Azevedo Brandão morreu, neste domingo (21), aos 92 anos, em Salvador. O sepultamento está marcado para esta segunda-feira (22), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz. Ela deixa três filhos, Marcos, André e Eduardo Azevedo Brandão, sete netos e cinco irmãos.

Nascida em 1933, filha do médico e antropólogo Thales Olímpio Góes de Azevedo e de Mariá David de Azevedo, Maria Brandão foi uma das mais importantes estudiosas das transformações sociais e econômicas da Bahia, com ênfase em Salvador e no Recôncavo.

Sua carreira, construída entre as décadas de 1960 e 1990, consolidou um legado fundamental para o entendimento das mudanças urbanas e da estrutura social baiana.

Graduada em Ciências Sociais pela UFBA em 1956, a pesquisadora ampliou sua formação em instituições de referência internacional. Fez especializações em Antropologia Cultural no Museu Nacional e em Antropologia na Columbia University (1961), em Sociologia na London School of Economics (1967), mestrado em Sociologia na University of Pennsylvania, livre-docência na UFBA e pós-doutorado na Université de Paris – Sorbonne Nouvelle, em 1983.

Ingressou como docente do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA em 1961, lecionando disciplinas como Sociologia, Sociologia Urbana e Metodologia de Pesquisa. Participou ativamente do processo de expansão da universidade, em um período marcado pelo crescimento econômico da Bahia, pela descoberta de petróleo e pela instalação de polos petroquímicos e metalúrgicos.

Maria Brandão se destacou por estudos sobre urbanização, desigualdade social, habitação e reestruturação urbana. Investigou o impacto da industrialização na capital, a concentração de terras, as condições habitacionais da população de baixa renda e os efeitos da exploração de petróleo.

Seu trabalho pioneiro ligou os frequentes deslizamentos de encostas em Salvador ao acesso precário da população pobre ao solo urbano e analisou a formação do mercado de terras na cidade em “O último dia da Criação”.

Autora de 12 livros e inúmeros artigos, participou de congressos nacionais e internacionais. Entre suas obras de destaque estão “Perspectivas da América Latina” (1989), “Recôncavo da Bahia: sociedade e economia em transição” (1998) e “Milton Santos e o Brasil: território, lugares e saber” (2004). Em 2021 e 2023, parte de sua produção foi reunida em coletâneas da EDUFBA, reforçando a atualidade de suas reflexões.

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