Após mais de três décadas de atuação no combate ao crime organizado, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, de 76 anos, hoje leva uma rotina de isolamento forçado.
Responsável por sentenças que levaram à prisão pelo menos 114 traficantes, entre eles Fernandinho Beira-Mar, ele afirma que se tornou “um prisioneiro” dentro da própria casa desde que perdeu o direito à escolta policial.
“Eu tive que me restringir bem e hoje praticamente não saio mais de casa, virei um prisioneiro”, disse em entrevista ao jornal Gazeta do Povo. Durante 20 anos, a partir de 1998, Odilon contou com proteção 24 horas por dia da Polícia Federal, após sofrer ameaças e até atentados de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC).
O esquema de segurança foi interrompido em 2019, dois anos após sua aposentadoria. No ano seguinte, quando disputou as eleições estaduais em Mato Grosso do Sul, a PF considerou que não havia mais necessidade de manter a escolta.
Odilon recorreu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e também à Justiça Federal para reaver a proteção, apresentando provas e registros das ameaças.
Para realizar atividades simples, como consultas médicas ou compras, ele chegou a contratar segurança particular, mas afirma que manter esse serviço é inviável. O custo diário, segundo seus cálculos, supera R$ 1 mil.
“É decepcionante para um delegado, um promotor ou um juiz que renunciou à sua própria liberdade para proteger a sociedade ser completamente abandonado após se aposentar”, lamentou.
Odilon, que durante a carreira viveu afastado de amigos e familiares por causa do aparato de segurança ostensivo, segue aguardando uma definição do CNJ. Até agora, não obteve retorno.