Hoje, quinta-feira, 18 de setembro, Feira de Santana chega aos 192 anos de emancipação política. É aniversário da Princesa do Sertão, essa potência nordestina que, por obra do acaso ou da bravura de sua gente, sempre esteve no meio do caminho, seja entre rios, estradas ou provocações vindas de Salvador.
Não nego, há quem ainda corteje o deboche fácil. “Feira é só poeira do sertão”, “cidade do desmanche”, “tem nem shopping de verdade”, mas façamos uma reflexão: a cidade se levanta entre dois rios majestosos, coração de um eixo comercial crucial, polo de saúde, educação e cultura. É, também, porta de entrada e saída para o resto da América Latina toda.
Quando a vila se emancipou em 18 de setembro de 1833, desligou-se de Cachoeira, começou a construir sua própria história. Hoje, com mais de 660 mil habitantes, Feira de Santana não se contenta em ser coadjuvante. Está entre as cidades mais importantes da Bahia, maior do interior nordestino, com comércio vibrante, logística que não deixa a desejar e uma economia que se sustenta de forma autônoma.
E tem cultura até dizer chega! A Micareta que faz a Presidente Dutra tremer, a Flifs que traz muita literatura pra praça do Fórum, o Centro de Cultura e Arte (Cuca), a icônica Universidade Estadual de Feira de Santana, o Amélio Amorim com sua Abóbora, e muito mais.
Quem passa rápido pela cidade, vê de um tudo; quem para, percebe a sua força, que foi construída com histórias que ficarão enraizadas para sempre na identidade do território, como a de Lucas da Feira e Maria Quitéria.
Mas é claro que Feira tem seus perrengues, né? Trânsito apertado, expansão urbana que às vezes parece impensada, lugares que merecem mais atenção em saneamento, espaço público, mobilidade… Porém, isso não desmonta quem sabe que o desafio de ser interior nunca foi arrumar culpa, mas construir um caminho.
Se você de Salvador, ou de qualquer outro canto, acha que Feira é “roça”, motivos não faltam pra rever esse conceito. Feira é quem acolhe, é quem produz, é quem inova no improviso, é quem mantém riquesa cultural sem esquecer da raiz.
Hoje é dia de celebrar, sim, com a alegria que só Feira tem. Que esses 192 anos sejam lembrados não só como número, mas como força. É interior? Pode até ser! Mas é a princesa altaneira que reina no coração do sertão. E quem ainda insiste em torcer o nariz vai ter que engolir essa cidade formosa e bendita, que segue altiva, sem pedir licença a ninguém.