O engenho onde viveu um dos maiores escritores brasileiros e o monumento arquitetônico que marca o início da transferência da Capital Federal para o interior do País foram reconhecidos nesta terça-feira (16) como Patrimônio Cultural Brasileiro. A apreciação do tombamento dos dois bens culturais ocorreu durante a 110ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília (DF).
Localizado no município de Pilar (PB), o conjunto arquitetônico e paisagístico do Engenho Corredor foi onde o escritor José Lins do Rego viveu suas primeiras memórias de vida e é também o cenário onde se passam algumas de suas mais famosas obras, como “Menino de Engenho”.
“Se por um lado é verdadeiro que o Engenho Corredor abrigou, criou e deu à luz José Lins do Rego, também procede dizer que José Lins do Rego criou para o Mundo o engenho Corredor, o mundo do açúcar paraibano, e é a ele que devemos o prestígio nacional deste último remanescente que o Iphan trata hoje de tombar”, observou o relator do parecer e integrante do Conselho Consultivo, Gustavo Rocha-Peixoto.
Marco histórico
Na segunda parte da reunião, o Conselho aprovou o tombamento da Pedra Fundamental da Capital Federal, monumento localizado em Planaltina, Distrito Federal. Tido como marco ligado ao ideário da interiorização da capital da República, o bem foi erguido em celebração ao Centenário da Independência, em 1922.
“Ao analisar a Pedra Fundamental de Planaltina, é possível compreender que seu valor ultrapassa a dimensão material do monumento. Ele está enraizado em uma narrativa que conecta passado, presente e futuro: da Missão Cruls de 1892, passando pelo marco de 1922, até a fundação de Brasília em 1960 e sua permanência como referência simbólica para a comunidade local”, observou o conselheiro e relator do parecer, Cristovam Buarque.
“Assim, o tombamento que ora se propõe é expressão da continuidade histórica e da vitalidade social de um bem que constitui, sem dúvida, parte essencial do patrimônio cultural brasileiro”, afirmou.