A presença de mulheres e pessoas negras e pardas em campanhas digitais cresceu em 2024, segundo levantamento da SA365, Elife e Buzzmonitor, que analisou 6.124 publicações de 261 perfis de marcas no Instagram e Facebook.
As mulheres estiveram presentes em 59,7% das publicidades digitais com pessoas, contra 48,9% em 2023, e aparecem sozinhas em 68% das peças. Apesar do avanço, o estudo alerta para estereótipos persistentes, com a imagem feminina ainda associada a casa e beleza.
“Representar estes grupos de maneira mais conectada à realidade é bom não só socialmente, mas também para a comunicação, que vai se destacar e ganhar relevância”, afirma Breno Soutto, head of Insights da Buzzmonitor.
Com o crescimento da participação feminina, a presença masculina caiu de 68,9% para 52,8%, ainda acima da proporção de homens na população (48,5%), segundo o IBGE.
Entre negros e pardos, a participação subiu de 31,6% para 39,9%, mas continua inferior ao percentual desse grupo na sociedade (55,5%). Soutto destaca o desafio de retratar essas pessoas de forma menos estereotipada e lembra que a população negra é maioria no país e tem alto poder de consumo.
Grupos ainda sub representados
Apesar dos avanços, o estudo revela baixa representatividade de outros públicos:
- LGBTQIAPN+ – cresceram de 1,9% para 5,8% das publicações, mas seguem abaixo da proporção estimada (12%). A maior parte é formada por homens cis, com linguagem inclusiva mais simbólica do que identitária;
- Idosos – aparecem em 11,4% das peças, acima dos 3,1% do levantamento anterior, mas ainda abaixo da população com 60+ (15,6%). Geralmente são retratados como consumidores de saúde ou em campanhas familiares;
- Asiáticos – caíram de 8,6% para 2,3%, ainda assim acima da proporção nacional (0,4%);
- Pessoas com deficiência – subiram de 0,6% para 0,9%, mas seguem muito abaixo da participação na sociedade (8,9%). O estudo nota que aparecem como protagonistas funcionais em casa, esporte e trabalho;
- Pessoas com obesidade – caíram de 1,9% para 1,5% das publicações;
- Indígenas – não atingiram volume representativo, o que, segundo Soutto, reflete a distância entre os centros de decisão e essas comunidades.
“O caminho para mudar isso é criar equipes mais diversas, para que a inserção aconteça de maneira natural”, conclui Soutto.