A mato-grossense Elizabeth Rezende Almeida, de 33 anos, celebra uma transformação de vida três anos após ter sido a primeira paciente da Bahia submetida a um transplante de linfonodo — procedimento raro no Brasil, realizado por meio da supermicrocirurgia.
Diagnosticada com linfedema primário ainda na infância, Elizabeth conviveu por décadas com dores, inchaços crônicos e limitações físicas provocadas pela doença. “A transformação que eu tive enquanto pessoa me impressiona. Às vezes, quando olho para tudo, nem eu acredito”, conta.
O linfedema é uma condição crônica e sem cura, causada pelo mau funcionamento do sistema linfático, responsável por drenar líquidos e eliminar resíduos do organismo. “Costumo dizer que o sistema linfático é como o ‘esgoto’ do corpo. Quando falha, o membro incha, endurece e fica suscetível a infecções”, explica o neurocirurgião Leonardo Avellar, responsável pelo procedimento ao lado do também neurocirurgião Marcelo Magaldi.
Ambos lideram o projeto Linfoviva, referência nacional no tratamento da doença por meio da supermicrocirurgia — técnica de alta complexidade que permite a transferência de linfonodos de áreas saudáveis para regiões afetadas. “Já tratamos cerca de 20 pacientes. Nosso principal objetivo é interromper o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida”, afirma Avellar, mineiro radicado em Salvador.
Após anos afastada do trabalho, Elizabeth hoje é professora e mestranda em Ensino de Sociologia. “A cirurgia foi um divisor de águas. A dor foi embora, e junto com ela, crenças que me impediam de crescer”, afirma.
Apesar dos desafios de manter os cuidados contínuos, especialmente em regiões quentes e com pouco acesso a terapias complementares como drenagem linfática, os resultados alcançados em Salvador posicionam a Linfoviva como um projeto de destaque na área.
Com o compromisso de expandir o acesso ao tratamento e inserir o Brasil no mapa da supermicrocirurgia global, a iniciativa segue transformando histórias e inspirando novas possibilidades para pacientes com linfedema em todo o país.