A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do mirvetuximabe soravtansina, conhecido comercialmente como Elahere, para pacientes com câncer de ovário resistente à quimioterapia à base de platina e que apresentam tumores com alta expressão do receptor de folato alfa (FRα).
A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira (28).
O medicamento é um conjugado anticorpo-fármaco (ADC) que combina um anticorpo direcionado ao FRα com uma carga quimioterápica capaz de destruir células tumorais, preservando em grande parte as células saudáveis. Estima-se que cerca de um terço das pacientes com câncer de ovário tenham tumores com essa característica.
A aprovação se baseia em um estudo clínico de fase 3, que envolveu mais de 450 pacientes. Os resultados mostraram redução de 35% no risco de progressão da doença e ganho em sobrevida global: 16,5 meses em média para o grupo tratado contra 12,7 meses no grupo submetido à quimioterapia convencional. A taxa de resposta objetiva (redução do tumor) foi de 42%, ante 16% no tratamento padrão.
Para acesso ao tratamento, é necessário realizar um exame de imuno-histoquímica, já disponível no Brasil, que identifica a presença do receptor FRα. “É fundamental testar o status do FRα para definir quem pode se beneficiar do tratamento”, destacou a oncologista Kathleen Moore, que participou do estudo.
O câncer de ovário, considerado o mais letal entre os tumores ginecológicos, costuma ser diagnosticado em estágio avançado. O INCA estima cerca de 7,3 mil novos casos por ano no país. Até agora, após falha da quimioterapia à base de platina, restavam apenas cuidados paliativos como alternativa.
Nos Estados Unidos e na Europa, o Elahere já havia recebido aprovação em 2024. No Brasil, especialistas classificam a chegada da nova terapia como um avanço, já que há mais de oito anos não surgiam opções de tratamento para pacientes com câncer de ovário resistente. Ainda não há definição sobre sua inclusão no rol da ANS ou no SUS.