Um caso grave de intoxicação por excesso de vitamina D chamou atenção em Vitória da Conquista, no interior da Bahia. A empresária Perinalva Dias Paiva passou 28 dias em coma e sofreu falência múltipla de órgãos após sessões de soroterapia – um tipo de tratamento com soro vitamínico oferecido por clínicas privadas como “reforço” para a imunidade.
Segundo relato exibido neste domingo (31) pelo Fantástico, Perinalva procurou atendimento médico por sintomas como cansaço e indisposição. Foi então orientada a fazer a chamada “soroterapia”, sob a justificativa de que estaria com deficiência vitamínica. Pouco tempo após o procedimento, os sintomas se agravaram.
“O xixi foi evoluindo da cor amarela para a cor de Coca-Cola. Ela começou a urinar com sangramento”, contou a filha da empresária, Polliana Pitombo.
Além da alteração na urina, Perinalva apresentou febre persistente, náuseas, dores no corpo e chegou a desmaiar em casa antes da chegada do SAMU. Já internada, os médicos constataram que apenas o coração ainda funcionava normalmente — rins e fígado haviam entrado em colapso.
O diagnóstico foi de hipervitaminose D, uma condição causada pelo acúmulo de vitamina D no organismo. Médicos de diferentes especialidades precisaram atuar em conjunto para salvar a vida da empresária.
“Estava intoxicada com a soroterapia”, relatou Perinalva.
Risco real e silencioso
Especialistas alertam para os perigos do uso indiscriminado de vitaminas, especialmente na forma injetável. Segundo o gastro-hepatologista Raymundo Paraná, da UFBA, a vitamina D em excesso aumenta a absorção de cálcio, que pode se acumular nos rins e outros órgãos, causando desde pedras renais até intoxicações graves no cérebro e coração.
O médico e divulgador científico Dr. Drauzio Varella também fez um alerta contundente:
“O mercado de vitaminas no Brasil movimenta bilhões por ano. Muita gente toma sem necessidade. Se alguém recomendar vitaminas injetáveis, especialmente em forma de soro, desconfie.”
O caso reacende o debate sobre a regulação de clínicas de estética e bem-estar que oferecem tratamentos sem embasamento científico e reforça a importância do acompanhamento médico responsável antes de qualquer suplementação vitamínica.