Pesquisador quilombola da UFBA recebe prêmio nacional por integrar ciência, plantas medicinais e saberes ancestrais

Pesquisador quilombola da UFBA recebe prêmio nacional por integrar ciência, plantas medicinais e saberes ancestrais

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Keiny Andrade

Publicado em 01/09/2025 às 10:49 / Leia em 2 minutos

O baiano Ygor Jessé Ramos, de 34 anos, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi anunciado como um dos vencedores do Prêmio Fundação Bunge 2025, na categoria Juventude.

A cerimônia acontece em 23 de setembro, em São Paulo. O reconhecimento celebra sua pesquisa que une ciência, plantas medicinais do candomblé e conhecimento ancestral de comunidades tradicionais.

Nascido no quilombo do Acupe, em Santo Amaro, Ygor cresceu em meio às tradições da pesca e da agricultura, vivências que despertaram nele o interesse pelo uso das plantas. Incentivado por um professor de biologia e pela mãe, ingressou em Farmácia na UFBA aos 16 anos, após duas tentativas no vestibular.

Sua trajetória acadêmica inclui mestrado e doutorado na Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde aprofundou estudos sobre plantas usadas em rituais afro-brasileiros. Identificou, por exemplo, que critérios tradicionais de coleta, como o horário do dia, se relacionam a variações químicas das espécies.

De volta à Bahia, Ygor assumiu a docência na UFBA e passou a coordenar projetos de impacto social, como o “Chá Ancestral”, que resgata o uso tradicional de plantas medicinais em Acupe e busca inseri-las no SUS.

Outra iniciativa é o “FitoBahia Socioprodutiva”, que apoia pequenos produtores de óleos essenciais da Chapada Diamantina com certificações técnicas para ampliar mercados. Ele também lidera pesquisas em cannabis medicinal, com foco em qualidade de vida e sustentabilidade.

O Prêmio Fundação Bunge chega à 70ª edição em 2025 e reconhece pesquisadores que contribuem para o desenvolvimento científico, cultural e social do Brasil.

Além de Ygor, outros três nomes foram escolhidos: Thieres George Freire da Silva (UFRPE), em “Vida e Obra”, pelo tema gestão de risco climático na produção de alimentos; Elizângela Aparecida dos Santos (UFVJM), também na categoria Juventude; e Juvêncio da Silva Cardoso, o Dzoodzo Baniwa, pesquisador e liderança indígena, em “Vida e Obra” pelo tema saberes tradicionais.

A premiação já homenageou mais de 200 personalidades, entre elas Jorge Amado, Oscar Niemeyer, Marcelo Rubens Paiva, Paulo Freire e Lygia Fagundes Telles.

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