Da publicidade ao jornalismo: relembre a trajetória profissional de William Bonner, que deixa o JN após 29 anos

Da publicidade ao jornalismo: relembre a trajetória profissional de William Bonner, que deixa o JN após 29 anos

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Reprodução/TV Globo

Publicado em 01/09/2025 às 19:16 / Leia em 3 minutos

Após quase três décadas como âncora e editor-chefe do “Jornal Nacional”, William Bonner, aos 61 anos, anunciou sua saída do principal telejornal do país.

O jornalista será o novo apresentador do “Globo Repórter”, ao lado de Sandra Annenberg. César Tralli será o substituto na bancada do JN. A mudança foi oficializada nesta segunda-feira (1º), data em que o telejornal completa 56 anos.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A saída marca o fim de um ciclo iniciado em 1996, quando Bonner, então com 33 anos, foi escolhido para substituir Cid Moreira e Sérgio Chapelin na apresentação do telejornal.

De lá para cá, ele se tornou não apenas a voz, mas também o rosto mais reconhecido do jornalismo brasileiro.

Início da carreira profissional

Formado em Publicidade e Propaganda pela Escola de Comunicações e Artes da USP, Bonner não imaginava que faria carreira como jornalista.

O destino começou a mudar quando ainda estudante foi chamado para apresentar programas na Rádio USP, como “Concertos de Rock”, e a gravar vinhetas para o “Programa de Índio”, do ativista Ailton Krenak. O timbre grave e a postura segura logo chamaram a atenção.

Pouco tempo depois, em 1985, estreou na televisão como apresentador do “Jornal de Amanhã”, na TV Bandeirantes. No ano seguinte, chegava à Globo.

Passou pelo “SPTV”, “Globo Rural”, “Jornal Hoje” e, a partir de 1988, pelo “Fantástico”, onde dividiu a bancada com Valéria Monteiro. Em 1990, foi escalado para o “Jornal da Globo”, onde ficou até 1993.

William Bonner no “SPTV” — Foto: Divulgação/TV Globo

William Bonner no “SPTV” — Foto: Divulgação/TV Globo

O ciclo no JN

Seus 29 anos no “Jornal Nacional”, grande parte deles ao lado da ex-esposa Fátima Bernardes, foram marcados por uma sucessão de coberturas históricas, da morte do Papa João Paulo II às eleições presidenciais, de tragédias como a de Mariana e Brumadinho às enchentes recentes no Rio Grande do Sul.

Ele também esteve à frente de transmissões especiais, como o “Caravana JN” (2006) e o “JN no Ar” (2010), que levaram o telejornal para as ruas e mostraram o Brasil em sua diversidade.

Bonner ajudou a consolidar o estilo mais próximo e explicativo do jornalismo da Globo. Em 2009, lançou o livro “Jornal Nacional: Modo de Fazer”, em que revelou os bastidores da redação, da apuração das notícias ao processo de edição, e doou parte dos direitos autorais à própria ECA-USP, onde se formou.

William Bonner e Fátima Bernardes na bancada do “Jornal Nacional” — Jaq Joner/TV Globo

William Bonner e Fátima Bernardes na bancada do “Jornal Nacional” — Jaq Joner/TV Globo

Entre aplausos e hostilidades

A relação de Bonner com o público acompanhou as mudanças do país. Em 2006, durante a passagem da “Caravana JN” por Juazeiro do Norte, foi recebido como uma estrela, cercado por fãs e aclamado nas ruas.

Nos últimos anos, no entanto, em meio à polarização política, passou a enfrentar hostilidade e ataques, dentro e fora das redes sociais.

“Em 2018 a polarização política chegou a um ponto em que minha presença em determinados locais públicos era motivadora de tensões. Quando eu percebi isso, percebi de maneira muito ruim, dentro de farmácias, livrarias, padarias, cinemas, na calçada, na rua, verbalmente agredido, insultado, desafiado”, disse ele, em entrevista ao “Conversa com Bial”, em 2020.

Em entrevistas, admitiu o peso emocional desse desgaste, mas sempre defendeu o compromisso com a notícia e com a responsabilidade do cargo.

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