Com aparência de quem prepara café fresco e bolo para os netos em uma tarde comum, Lúcia Maggi, de 93 anos, é, na verdade, um dos nomes mais poderosos do agronegócio brasileiro — e uma das mulheres mais ricas do país. Avessa aos holofotes e dona de um estilo de vida discreto, ela aparece na oitava posição da lista de bilionários da Forbes Brasil 2025, com uma fortuna estimada em R$ 6,6 bilhões.
Fundadora do grupo Amaggi, hoje uma das maiores empresas do setor agrícola no mundo, Dona Lúcia construiu seu patrimônio do zero ao lado do marido, André Maggi, nos anos 1970, apostando no potencial ainda inexplorado do Centro-Oeste brasileiro. Eles saíram do Paraná e fincaram raízes em Sapezal (MT), onde começaram cultivando soja, milho e algodão. O que era um sonho rural familiar virou um império global.
Do chão de terra ao trono do agro
Com a morte de André, em 2001, Lúcia assumiu com firmeza o comando da empresa e se tornou a principal acionista e figura estratégica do grupo. Embora não atue mais no dia a dia da gestão, nenhuma grande decisão é tomada sem sua aprovação. Direta, conservadora e muito respeitada no setor, é considerada uma liderança silenciosa — mas incontornável.
Além da produção de grãos, o conglomerado Amaggi atua em comercialização internacional de commodities, logística de grãos, insumos agrícolas e até geração de energia elétrica, com uma infraestrutura de silos, usinas e centros de distribuição que percorrem o país.
Nada de ostentação
Apesar da fortuna bilionária, Dona Lúcia leva uma vida simples em Rondonópolis (MT). Seu maior luxo? Um colar de pérolas em ocasiões especiais e o jatinho da família, usado para preservar a saúde, já que hoje transita em cadeira de rodas. Fora isso, mantém o hábito de receber visitas com café fresco e bolinho na mesa — como toda boa anfitriã do interior.
Dona Lúcia também comanda a Fundação André e Lucia Maggi, voltada para projetos sociais nas áreas de educação, saúde e desenvolvimento comunitário nas regiões onde a empresa atua. E segue sendo inspiração: o município de Sapezal homenageou a matriarca com uma praça que leva seu nome, recentemente revitalizada com sua presença na reinauguração.
Discrição e legado
Mãe do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, ela é uma das únicas duas mulheres da lista da Forbes 2025 que construíram toda sua fortuna — e não a herdaram. Com isso, Dona Lúcia se consolida como um símbolo de liderança feminina no setor mais estratégico do país, mantendo a tradição de fazer muito — e falar pouco.
