A Bahia já poderia dispor de um equipamento destinado a preservar o legado e exibir o acervo musical e pictórico do seu mais emblemático cantor, com a implantação da Casa Caymmi, suprimindo inadmissível lacuna para o circuito junto aos equipamentos culturais da cidade.
O empenho dos herdeiros em consolidar a iniciativa vem desde o governo Paulo Souto, em 2005. Mas, de acordo com o neto de Dorival, Gabriel Caymmi, 44 anos, “a derrota de Souto para Jaques Wagner, em 2006, fez retroceder as negociações. Tentativas mais recentes não avançaram”.
Desde o final de agosto de 2018, no entanto, foram reabertas negociações com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em reunião intermediada pelo coordenador-geral da Associação de Resistência Poética e Artística (Arpa), Adroaldo Quintela, no gabinete da Secult. Do encontro, participaram, além do próprio Quintela e de Gabriel Caymmi, a secretária Arany Santana e uma representante do Iphan.
Em julho, quase um ano depois, foi oferecido pelo Iphan as instalações do Cine XIV, no Pelourinho, incendiado e abandonado em 2017; e, pela Secult, as dos museus Tempostal e Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica, também no Centro Histórico. Gabriel e Quintela visitaram esses equipamentos. Na ida ao Cine XIV, os gestores não localizaram a chave do cadeado.
Localização requer maior visibilidade
Durante a vistoria às ruínas do Cine XIV, Gabriel, que é artista gráfico e filho de Danilo Caymmi e da compositora Ana Terra, observou que “tão problemática quanto a revitalização do sobrado era a localização”, que considerou “muito escondido para a grandeza da obra do avô”. Preferimos um local com melhor acessibilidade e visibilidade”, disse.
Sobre os outros dois museus, foram informados, em seguida, de que “a Secretaria pretende reformar e mantê-los com as atuais destinações”.
Gabriel confirma que as negociações já não seguem em andamento e que, qualquer aceno no sentido de retomar o projeto “precisaria de novas conversações com os tios Dori e Danilo, após a morte de Nana, por conta das posições políticas diferenciadas deles”, e que aguarda proposta de novas localizações pela Secult ou Iphan, com maior demonstração de interesse por parte dos dirigentes e a definição sobre a quem caberia a captação de recursos, se à Secretaria de Cultura ou aos familiares”.