A VI Jornada do Patrimônio Cultural de Salvador começou nesta quarta-feira (27), no Pelourinho, com um ato simbólico na sede da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam). Durante a abertura, foi entregue a notificação que marca o início do processo para reconhecimento do ofício de baiana de acarajé como Patrimônio Imaterial do município. Pelo menos 50 quituteiras e autoridades locais acompanharam a solenidade.
A programação, organizada pela Prefeitura de Salvador por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), segue até sexta-feira (29), com atividades distribuídas entre a sede da Vale do Dendê e o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab). O tema escolhido para esta edição é “Centro Histórico de Salvador – Quatro Décadas como Patrimônio Mundial”. Estão previstas palestras, debates, visitas guiadas e ações artístico-culturais voltadas à reflexão sobre os bens culturais materiais e imateriais da capital baiana.
O encontro presta homenagem ao jornalista, escritor, poeta e ativista cultural Clarindo Silva. Presente à abertura, ele se emocionou com a lembrança: “É um momento de muita emoção e alegria. Primeiro, porque eu vou estar sendo reverenciado em vida por uma entidade que é a Prefeitura, através da FGM. Já são 53 anos de luta e me sinto estimulado e fortalecido para continuar batalhando pelo nosso Centro Histórico. Só tenho a agradecer a Deus a bênção de ter sido um dos homenageados. Viva ao Pelourinho preservado, para que seja perpetuado por gerações”, afirmou.
Na cerimônia, a vice-prefeita e secretária de Cultura e Turismo, Ana Paula Matos, ressaltou a relevância das baianas e do homenageado para Salvador. “A gente tem que reconhecer, reverenciar e honrar as nossas baianas. Vocês são nossa história”, disse, antes de acrescentar: “Meu amigo Clarindo, que bom que essa jornada homenageia você, essa referência quando o assunto é o nosso Centro Histórico”. A gestora também destacou a atuação da presidente da Abam, Rita Santos, lembrando que ela “tem lutado aqui, em Brasília, na Unesco, em Paris, em todo o mundo. Rita é a grande representante que lidera esse processo”.
Rita Santos, por sua vez, descreveu o reconhecimento como uma conquista aguardada há décadas. “Desejamos essa conquista há muitos e muitos anos. Hoje, falo em nome de Cira, de Dinha e de tantas outras que não estão aqui hoje para ver esse sonho realizado. É um ganho muito grande, porque Salvador tem a cara das baianas, e as baianas têm a cara de Salvador. Ninguém fala de Salvador sem pensar nas baianas. É um avanço importante, para que a nossa sociedade possa enxergar a gente com outro olhar. Agora, somos patrimônio da cidade de Salvador”, afirmou.
Representando a quinta geração de baianas de sua família, Ana Cássia Sales, 43 anos, que mantém um tabuleiro no Farol da Barra, destacou o valor histórico do momento: “Hoje estamos sendo valorizadas e intituladas como patrimônio imaterial. Fiz parte dessa jornada”, disse. A quituteira também contou que produziu um documentário inspirado em um livro iniciado por sua mãe, falecida há seis anos: “Minha mãe começou com o livro e eu finalizei, já que ela faleceu há seis anos. Esse momento para mim é uma honra, sigo aqui honrando a existência dela”.
Para a vice-presidente da FGM, Silvia Russo, a medida representa o fortalecimento de políticas públicas voltadas ao patrimônio da cidade. “Hoje estamos estabelecendo esse marco, entregando essa placa e celebrando a baiana como patrimônio de Salvador. Com certeza, é uma felicidade. As baianas já têm o registro federal, o estadual e agora ganham o municipal”, observou. Ela ainda destacou o papel formativo da Jornada: “Essa é a sexta jornada do patrimônio, que como eu disse é um evento de promoção de conhecimento, de divulgação do patrimônio e também de formação, então é muito importante para nós”.
Programação
28/08 – Vale do Dendê
- 9h30 às 10h: Recepção
- 10h30 às 12h30: Mesa 2 – Presenças e resistências no Centro Histórico de Salvador: desafios socioculturais
- 12h30 às 14h: Intervalo do almoço
- 14h às 17h: Vivência Circuito #Reconectar Centro Histórico (Cruzeiro de São Francisco – Estátua de Castro Alves) + bate-papo sobre o Reconectar e os monumentos da cidade no Café-Teatro Nilda Spencer (Quarteirão das Artes)
Mediação: Prof. Ubiraci Santos (Bira)
29/08 – Muncab
- 9h30 às 10h: Recepção
- 10h às 12h30: Mesa 3 – Preservação do patrimônio material no Centro Histórico de Salvador: potencialidades e desafios
- 12h30 às 14h: Intervalo do almoço
- 14h às 16h: Mesa 4 – Entre memórias e um futuro presente: ressignificando o patrimônio do Centro Histórico de Salvador
- 16h às 17h: Visita guiada ao Muncab
- 17h às 18h: Encerramento com atividade artístico-cultural