O baiano Ítalo Andrade, único representante da Bahia na próxima temporada do “MasterChef Confeitaria”, estreia no reality da Band no dia 9 de setembro, às 22h30, com uma bagagem recheada de histórias. Morando em São Paulo, ele chefia uma confeitaria kosher, especializada em produtos que seguem as leis alimentares judaicas, e promete mostrar no programa uma confeitaria com sotaque nordestino.
“Minha infância em casa era simples, mas cheia de alegria e sabores inesquecíveis. Minha mãe tinha um dom pra cozinha: o tempero era forte, marcante, cheio de afeto. A gente se juntava pra fazer festa, e o ritual era coletivo. Cresci entendendo que sabor não vinha só da técnica, mas do cuidado”, lembra Ítalo, que hoje mistura técnicas francesas com referências baianas.
Antes de se dedicar à confeitaria, Ítalo foi frentista e vendedor de bolos. “A experiência no posto aos 18 anos foi transformadora. Aprendi disciplina, trabalho em equipe e agilidade, ritmo que parece muito com o da cozinha. Já com os doces da minha tia, percebi nuances sensoriais e aprendi a identificar sabores. Misturei essa percepção com a agilidade que tinha desenvolvido, e entendi o caminho do ‘feito’ ao ‘finalizado’”, conta.

Ítalo é o único baiano no “MasterChef Confeiteiros” | Foto: Divulgação
O momento decisivo para seguir na confeitaria veio de forma inesperada. “Foi quando minha mãe disse que meu doce era melhor que o da minha tia. Mas, o verdadeiro marco foi um bolo de casamento que fiz depois do curso técnico. Comprei tudo do zero, improvisei até a forma usando balde de manteiga, e fiz rosas de pasta americana à mão. Quando vi as pessoas elogiando, chorei. Ali eu entendi que seria confeiteiro”, lembra.
Formado em Gastronomia e com passagens por cursos no Instituto Mix, Senac, Hotec e Grande Hotel Senac, Ítalo ganhou experiência trabalhando com chefs renomados. “Quando entrei para montar a confeitaria Caché, no Banco Safra, foi do zero, só tinha uma bancada. Tive que adaptar receitas para serem parve (sem laticínios), criar alternativas com leites vegetais, margarina e até desenvolver um chocolate branco próprio. Esse processo me lapidou: aprendi a enxergar além da confeitaria clássica”, diz.
A seleção para o reality foi recebida com emoção. “Participar do ‘MasterChef’ é um sonho pra qualquer confeiteiro no Brasil. Saí do subúrbio de Salvador e cheguei até aqui com simplicidade e humildade. Esse convite foi o maior desafio da minha vida até hoje. Quero mostrar que sou muito mais do que só um confeiteiro: sou um baiano de raiz com talento, garra e história pra contar”, promete.

Ítalo Andrade | Foto: Divulgação
Cozinhar sob a pressão das câmeras e dos jurados Erick Jacquin, Helena Rizzo e Diego Lozano também mexeu com ele. “A pressão é enorme, ainda mais sendo avaliado por referências como eles. O Diego, pra mim, é uma referência brasileira de confeitaria. Dá friozinho na barriga, mas também vontade de mostrar meu melhor. Quero provar que os confeiteiros nordestinos têm vez e voz, que a Bahia tem sabor, história e talento”, reforça.
No programa, Ítalo pretende valorizar a confeitaria baiana. “Acredito que o Brasil vai ver em mim um confeiteiro dedicado, que honra quem veio antes, respeitando técnicas e receitas. Quero dar visibilidade à confeitaria nordestina, rica em sabor e identidade”.
Com referências como Diego Lozano, Amaury Guichon, Antônio Bachour e Cédric Grolet, o chef planeja o futuro. “Depois do ‘MasterChef’, quero continuar seguindo meu coração, ser personal chef, levar jantares aos lares. Também sonho em montar uma gelateria e, depois, ensinar confeitaria, valorizando a confeitaria brasileira regional”, revela.
Além de Ítalo, o programa contará com Luiza Vilhena, mineira radicada em Salvador. Juntos, eles prometem representar a Bahia e mostrar ao Brasil que talento não tem endereço fixo, mas sabor de origem e memórias.