Uma vacina experimental desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Elicio Therapeutics mostrou resultados promissores no combate ao câncer de pâncreas e colorretal. O imunizante, chamado ELI-002, impediu a volta da doença na maioria dos pacientes testados, segundo estudo clínico divulgado em 11 de agosto na revista Nature Medicine.
Dos 25 pacientes que receberam a vacina, 84% desenvolveram resposta imunológica contra tumores com mutações no gene KRAS – alteração genética presente em cerca de 90% dos casos de câncer de pâncreas e 50% dos tumores intestinais. Aqueles com resposta imunológica mais forte não apresentaram recidiva por quase 20 meses.
O oncologista Fernando Maluf destacou a importância do avanço: “Atacar o KRAS é um alvo extremamente importante em várias terapias, já que essa mutação é responsável por crescimento, invasão e metástase dos tumores”.
Como funciona a vacina?
A ELI-002 utiliza uma tecnologia inovadora baseada em anfífilos (AMP), uma plataforma que direciona os peptídeos mutantes diretamente aos linfonodos – considerados os “centros cerebrais” do sistema imunológico. Ali, as células T são treinadas para reconhecer e destruir apenas as células cancerígenas com mutação KRAS.
A ativação das células T foi observada em mais de 80% dos participantes. Em 24% dos casos, a resposta foi tão eficaz que eliminou completamente os sinais da doença residual detectada no sangue.
Além de eficaz, a ELI-002 é uma vacina “off the shelf” – ou seja, padronizada e pronta para uso, sem necessidade de personalização para cada paciente, o que reduz custos e acelera a produção.
O câncer de pâncreas e o colorretal são conhecidos pelas altas taxas de recorrência. A expectativa de sobrevida em casos de recidiva é de apenas 23,3% em cinco anos. A nova vacina surge como esperança real para ampliar significativamente esse índice.