Arte urbana em Salvador: muralista Tarcio V transforma muros da cidade em telas a céu aberto

Arte urbana em Salvador: muralista Tarcio V transforma muros da cidade em telas a céu aberto

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Surenã Dias

Divulgação

Publicado em 22/08/2025 às 14:13 / Leia em 3 minutos

A arte urbana tem ganhado força em Salvador, e um dos nomes por trás dessa transformação é o do artista visual, ilustrador e muralista Tarcio Vasconcelos, conhecido como TarcioV. Inspirado pela cidade onde vive, ele vem colorindo muros e fachadas com obras que valorizam a cultura local, o cotidiano baiano e a força do mar.

“Meu trabalho fala muito do que eu vejo, do que eu vivo, do que eu gosto e do que eu imaginaria que seria bacana de se pintar e retratar. Então, as pessoas, a rua, a cultura popular, os povos de santo, as cores e sobretudo o mar e a faixa litorânea, a costa e suas histórias me interessam bastante”, diz Tarcio ao Alô Alô Bahia.

Tarcio busca inspirações no cotidiano da Bahia para produzir murais por Salvador (Foto: Divulgação)

Influenciado por nomes como Carybé, que levou a imagem da Bahia para o mundo, Tarcio iniciou sua jornada artística no movimento hip-hop, mas foi ao se aproximar do Candomblé que descobriu um universo de inspiração que transformaria sua arte, que hoje pode ser encontrada em quadros, estampas de camisas e por diversos estabelecimentos da capital, como a charmosa Casa da Mãe e o Restaurante Amalá, no Pelourinho.

Em 2022, o artista foi um dos destaques da Mostra Casas Conceito, onde pintou uma das paredes da Escola Divino Mestre, na Travessa dos Perdões, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo. “Sou influenciado pelo modernismo brasileiro, sobretudo o pop, e pelo pós-modernismo baiano, de evidenciar a cultura local. A Bahia de hoje ainda tem pescadores, capoeiristas, quituteiras e o povo de santo, e é essa Bahia real que tento retratar“, explica.

Além de murais, Tarcio também produz quadros (Foto: Divulgação)

Entre os trabalhos mais marcantes de Tarcio estão os murais do “Pescador da Cidade Velha”, no Edifício Kiepe, no bairro do Comércio, e a recente pintura na Casa de Iemanjá, no Rio Vermelho. O pescador, obra que conta com 32 metros de altura, inclusive, guarda uma simbologia especial para o artista, que o descreve como uma homenagem tanto à cidade quanto à sua própria história.

Mural do Pescador no bairro do Comércio (Foto: Divulgação)

“Pra mim o painel do comércio tem um significado especial. Porque ele está de frente para o mar, um porto de chegadas e partidas de quem vem da ilha. Além disso, ele também uma homenagem ao meu pai, que é o orixá Logunedé”, diz ele, que por ser um trabalho financiado pela prefeitura, tentou abordar sua religiosidade de forma sutil. “Procurei trazer a religiosidade de forma alegórica, destacando o trabalhador quem colhe e oferece os frutos do mar”, detalha.

Para Tarcio, a arte é democrática e acessível. Em meio as diversas inspirações que traz em sua obra, ele não busca transmitir mensagens diretas, mas registrar heróis silenciosos como quituteiras, capoeiristas e pescadores. “Não penso muito em deixar mensagem. É uma arte contemplativa, marcada pelo modernismo, que retrata a vida e o tempo da cidade, como um pêndulo de relógio”, afirma.

Mural do Restaurante Amalá, no Pelourinho (Foto: Divulgação)

Mural na Casa de Iemanjá, Colônia de Pescadores no Rio Vermelho (Foto: Divulgação)

Avenida Bonocô, em Salvador (Foto: Divulgação)

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