Paris e a longa guerra contra o ‘pipi sauvage’

Paris e a longa guerra contra o ‘pipi sauvage’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas, com informações da BBC News

iStock

Publicado em 19/08/2025 às 19:09 / Leia em 2 minutos

Paris carrega títulos imponentes. Cidade-luz, capital do amor, destino dos sonhos e por aí vai. Mas por trás da Torre Eiffel iluminada e dos cafés charmosos, existe um problema nada glamouroso que resiste há séculos: o hábito de urinar nas ruas, conhecido pelos franceses como “pipi sauvage” (em tradução literal: “xixi selvagem”).

O incômodo não é novo. Já no século 19, a prefeitura tentou conter o problema instalando estruturas metálicas para impedir que homens urinassem em esquinas e paredes.

Foto: Edwart Vignot/BBC News

Foto: Edwart Vignot/BBC News

Depois, vieram os primeiros urinóis modernos, os vespasiennes, inspirados no imperador romano Vespasiano, famoso por taxar a urina na Antiguidade.

A ideia era prática, mas rapidamente os espaços ganharam outro uso, tornaram-se pontos de encontros sexuais, o que levou à retirada de muitos deles nas décadas seguintes.

Foto: Getty Images

Foto: Getty Images

Mesmo após a chegada dos banheiros públicos unissex, em 1981, e de uma ampla rede de cabines gratuitas (Paris tem mais sanitários por quilômetro quadrado do que qualquer outra cidade europeia), o problema não desapareceu.

Multas de até 150 euros, tintas repelentes à urina, murais artísticos em estações e até mictórios ecológicos que transformam urina em adubo já foram testados. Alguns desses projetos, como os mictórios vermelhos instalados em 2017, geraram protestos e acusações de sexismo por excluírem as mulheres.

Moradores confirmam que a prática segue firme. A brasileira Isabel Vigneron, que vive na cidade, disse a BBC News já ter visto pessoas urinando até nas paredes das próprias cabines públicas.

O francês Edwart Vignot, por sua vez, resolveu encarar as manchas como arte e fotografa formas curiosas deixadas pelo líquido nas calçadas.

Para especialistas, o “pipi sauvage” tem raízes culturais. O psicólogo comportamental Nicolas Fieulaine afirma que, na França, urinar em público é visto quase como um direito tácito, ligado à ideia de apropriação do espaço urbano. Para ele, trata-se menos de falta de banheiros e mais de um hábito social difícil de romper.

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