Bolívia vira página de Evo Morales e Arce: candidatos de direita disputarão presidência

Bolívia vira página de Evo Morales e Arce: candidatos de direita disputarão presidência

Redação Alô Alô Bahia

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Redação Alô Alô Bahia com informações da Exame

Shutterstock por Jess Kraft

Publicado em 18/08/2025 às 07:58 / Leia em 3 minutos

A Bolívia escolherá seu novo presidente em um segundo turno inédito entre dois candidatos de direita. Rodrigo Paz, senador do Partido Democrata Cristão (PDC), e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga disputarão a Presidência em 19 de outubro, após resultados preliminares confirmarem o declínio da esquerda que governou o país por duas décadas.

Com 92% das urnas apuradas, Paz, de 57 anos, soma 32,1% dos votos, superando previsões eleitorais que não apontavam sua passagem para o segundo turno. Quiroga, de 65 anos, recebeu 26,8% dos votos. O grande favorito das pesquisas, Samuel Doria Medina, terminou com 19,85%.

“Além do MAS, quero parabenizar o povo boliviano, porque disse: ‘quero mudar, e este é um sinal de mudança’”, afirmou Paz diante de centenas de simpatizantes em La Paz.

As eleições marcaram o fim de 20 anos de governos do Movimento Ao Socialismo (MAS), liderados por Evo Morales e, depois, por Luis Arce, que deixará o poder em novembro.

Crise econômica agrava cenário eleitoral

O pleito ocorreu em meio à pior crise econômica da Bolívia em décadas, com escassez de dólares, combustíveis e produtos básicos, além de inflação anual próxima de 25%, a maior em 17 anos. Durante a gestão Arce, as reservas internacionais do país foram quase exauridas pelos subsídios aos combustíveis, afetando seus 11,3 milhões de habitantes.

Quem são os candidatos?

Rodrigo Paz Pereira, economista e senador por Tarija, é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993). Nasceu na Espanha durante o exílio da família e construiu uma carreira política discreta. Promete ampliar o acesso a crédito, liberar importações, implementar uma reforma tributária e fortalecer a indústria nacional. Seu vice, Edman Lara, capitão da polícia, tem imagem consolidada de combate à corrupção.

Jorge Quiroga, engenheiro formado nos EUA e ex-funcionário da IBM, foi vice-presidente de Hugo Banzer e assumiu a Presidência entre 2001 e 2002. Já concorreu ao cargo em 2005 e 2015. Candidato da aliança Livre, promete “mudança sísmica”: reduzir o Estado, privatizar empresas deficitárias e convocar uma nova Constituição com alterações “radicais”.

O declínio do MAS e a situação de Evo Morales

Quase todos os candidatos prometeram ruptura com a esquerda de Evo Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia (2006-2019). Morales tentou concorrer novamente, mas foi barrado por decisão judicial que limita reeleições. Ele enfrenta ainda uma ordem de prisão por suposta exploração de menor, acusação que nega.

Morales rompeu com Arce e se desvinculou do MAS, fazendo campanha pelo voto nulo. “Esta votação vai demonstrar que é uma eleição sem legitimidade”, disse ao deixar seu refúgio para votar no domingo. Segundo a apuração preliminar, 19,2% dos eleitores anularam o voto.

Durante seus mandatos, Morales reduziu a pobreza e triplicou o PIB com políticas de nacionalização, mas hoje vive protegido por simpatizantes em um povoado no centro do país, evitando ser detido.

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