A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) publicou um edital para seleção de restaurantes e quiosques que atuarão nas zonas oficiais da COP30, de 3 a 28 de novembro em Belém, no Pará. O documento proíbe a comercialização do açaí, tucupi, maniçoba e outros pratos tradicionais da culinária amazônica, sob justificativa de risco sanitário.
Entre os motivos da proibição para o açaí, vetado mesmo em versões pasteurizadas, está “suposto risco de contaminação pelo protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. No caso do tucupi e da maniçoba, ambos foram afastados por potencial presença de toxinas naturais, como ácido cianídrico, caso o preparo não siga processos rigorosos.
Outros itens típicos e alimentos de preparo artesanal, como maioneses caseiras, sucos in natura, ostras cruas, molhos caseiros, derivados não pasteurizados e produtos sem rotulagem, também foram proibidos. Apesar das restrições, o edital estimula o uso de até 30% de ingredientes locais ou sazonais e prioriza insumos provenientes da agricultura familiar, como parte das metas de valorização econômica e sustentabilidade regional.
Reações e posicionamentos contrários
Diversos chefs, empreendedores e entidades culturais expressaram surpresa e indignação.
Joanna Martins, diretora do Instituto Paulo Martins, classificou a medida como um “preconceito cultural” e “ignorância”, ressaltando que há certificações e práticas sanitárias robustas para garantir a segurança do açaí e demais pratos tradicionais.
Restaurantes emblemáticos de Belém, como Casa do Saulo, Remanso do Peixe e Tacacá da Dona Maria, precisarão reformular completamente seus cardápios se desejarem atuar dentro das áreas oficiais do evento. A medida também despertou polêmica nas redes sociais por contrariar a identidade cultural e o orgulho regional. Por outro lado, algumas vozes entenderam que a restrição poderia direcionar o público para restaurantes não oficiais especializados em culinária amazônica.