Um dos maiores ícones do futebol feminino, a treinadora baiana Dilma Mendes foi destaque em reportagem do The Guardian, um dos maiores jornais do mundo. Descobridora da jogadora Formiga, a camaçariense atualmente comanda a seleção brasileira feminina de fut7.
A reportagem inicia citando a contribuição significante de Dilma para o esporte, destacando que ela foi eleita duas vezes a melhor técnica de futsal feminino do mundo.
“Eu realmente acredito neste esporte porque temos visto eventos crescendo cada vez mais, até grandes torneios. Vemos jogadores com história em outras modalidades de futebol, mas também vemos novas gerações que podem se tornar estrelas do esporte em seus países”, disse a baiana na entrevista
Agora, Dilma e Formiga, que também é baiana, estão juntas na comissão técnica da seleção brasileira feminina de fut7 que busca ganhar o título da copa do mundo, que acontece em Curitiba, no Paraná, entre 21 e 24 de agosto.
Formiga, que jogou 234 vezes pela seleção brasileira, incluindo sete Copas do Mundo e sete Jogos Olímpicos, chama Mendes de sua “segunda mãe”.
“Acho que a vida escolheu Formiga para mim, tanto quanto eu a escolhi”, diz Dilma. “Sempre digo que o amor encontrou nós duas – o amor que temos pelo futebol. Conheci Formiga quando ela tinha nove anos, brincando no bairro, descalça entre homens adultos. Cheguei a me perguntar se ela era menino ou menina. Dividi a guarda dela, por assim dizer, com a mãe dela, Celeste, até os 12 anos. Então, decidimos que ela precisava de uma mudança e ela se mudou para cá. Deixei meu apartamento e aluguei um lugar para mim e 11 meninas, que chamamos de Lar do Atleta.”
Trajetória
A carreira de Dilma começou em Camaçari. No entanto, durante a infância, era ilegal para mulheres jogarem futebol. Ela brincava com meninos da vizinhança, pagando-os com sorvete para avisá-la se a polícia ou sua mãe estivessem por perto. A proibição foi suspensa em 1979 – antes disso, ela era detida e, às vezes, repreendida se flagrada jogando.
“A polícia me prendia, mas não podia me manter presa por muito tempo porque era uma cidade pequena – eles não podiam me manter em uma cela por jogar futebol. Mas eles me sentavam e esperavam que um dos meus pais viesse me buscar. Eu sempre esperava que fosse meu pai, porque ele me protegeria, mas minha mãe me repreendia. Ela achava que eu estava apenas sendo rebelde, mas eu jogava futebol por amor”, disse à publicação inglesa.
Recentemente, Dilma chegou a ser secretária de Esportes em Camaçari e segue trabalhando com vários projetos sociais ensinando futebol para meninas na Bahia.
